Haverá gente que não gostará do fato de que eu estou escrevendo sobre uma terceira morte em seqüência… E haverá quem critique o fato de que eu fale de Pinotti, Maraschin e Jackson assim, como direi, no mesmo fôlego (in the same breath). Mas vá lá…
Transcrevi no meu Facebook uma frase que me pareceu um justo epitáfio para Michael Jackson, que eu encontrei na primeira página de The Seattle Times de 26 de Junho de 2009:
"Michael Jackson, 1958-2009. Um ícone pop eletrizante, uma alma perturbada. Seu trabalho foi freqüentemente brilhante, desde sua fase de garoto prodígio com The Jackson 5 até o seu reinado como Rei do Pop. Mas sua vida teve um lado escuro. Para as legiões de seus fãs, ele foi o Peter Pan da música pop: o menino que se recusou a crescer. Mas, agora, ele se foi”.
Hoje cedo escrevi no meu Facebook:
“Ontem [06/07/2009], entre outras coisas, visitamos a Calçada da Fama, em Hollywood Blvd, em frente ao Teatro Chinês, e a estrela do Michael Jackson tinha até policiais para controlar o tráfego, sem falar de uma enormidade de flores e presentes de todo tipo (inúmero CDs e DVDs: fiquei imaginando o que conteriam…). Mais tarde passamos em frente à casa em que ele morava quando morreu, em Beverly Hills. Mais do mesmo…”
Surpreende-me que pessoas se dêem ao trabalho de fazer vigílias ao redor da estrela na Calçada da Fama ou em frente à casa de alguém que morreu – e que, provavelmente, elas nunca encontraram em pessoa.
Surpreende-me ainda mais que deixem flores ali – tantas que fiquem amontoadas, mesmo com a ajuda de voluntários que tentam arranjá-las.
Surpreende-me ainda mais que deixem presentes ali: coisas como ursinhos de pelúcia, isto é, presentes destinados a crianças, talvez sugerindo com eles, na linha do que disse The Seattle Times, que ele tentou ser uma eterna criança…
Mas surpreende-me ainda mais de tudo que deixem, fotos, papeizinhos escritos a mão, CDs e DVDs. O que será que disseram para ele? As palavras, seriam elas de apoio, consolo, encorajamento – ou seriam pedidos? Estaria Michael Jackson, como Elvis Presley antes dele, virando uma espécie de santo pop?
Acho fascinante a necessidade de heróis dos seres humanos. Só lastimo que, no plano pessoal, o herói Michael Jackson tenha legado aos seus jovens fãs tão pouco para ser emulado. Espero que emulem apenas sua competência artística.
Em Garden Grove / Anaheim, 7 de Julho de 2009