Transcrevo. Vale a pena ler.
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http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2102201104.htm
MELCHIADES FILHO
Cota merecida
BRASÍLIA – No momento em que o debate sobre o sistema de cotas patina no Congresso, a Universidade de Campinas prepara um salto nos projetos de ação afirmativa: a introdução firme da meritocracia como critério de concessão de benefícios.
Começam no mês que vem as aulas da primeira turma do ProFis, programa que destina 120 vagas para estudantes do sistema público do município paulista. O critério de escolha é a nota no Enem. O melhor aluno de cada escola pública da cidade tem matrícula garantida. Simples. Nada de vestibular, análise curricular, avaliação de patrimônio etc. Se o primeiro colocado numa escola abrir mão, a chance é passada ao segundo -e assim por diante.
Os inscritos terão dois anos de aulas nas áreas de humanas, exatas e biológicas, além de cursos de informática e inglês. Serão 1.600 horas em classe. Quem enfrentar dificuldades terá a ajuda de monitores.
Trata-se de um colchão multidisciplinar para capacitar esses egressos do sistema público para a etapa seguinte do ProFis: a matrícula instantânea em qualquer um dos cursos regulares da Unicamp, de acordo com a preferência do aluno.
O projeto não tira o lugar de ninguém. Serão criadas vagas adicionais para acolher os que terminarem o primeiro ciclo e quiserem/puderem continuar os estudos.
Para estimular que o escolhido cumpra os dois primeiros anos, o ProFis distribuirá vale-transporte, auxílio-alimentação e uma bolsa pouco acima do salário mínimo.
A ideia nasceu de um diagnóstico inquietante. Nos vestibulares de 2008 e 2009, 70% das escolas públicas de Campinas não conseguiram colocar nem um aluno sequer na maior universidade local.
Hoje, mais de 70% das universidades federais e estaduais públicas do país já oferecem algum programa de inclusão. A ação afirmativa é realidade. O desafio é aprimorá-la -e, de preferência, associá-la ao ensino médio público. A iniciativa da Unicamp mostra um caminho.
melchiades.filho@grupofolha.com.br
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Em São Paulo, 21 de Fevereiro de 2011
Imagino que uma medida como essa não vise a beneficiar apenas alunos individuais (120 por ano), mas, sim, tenha como objetivo último contribuir para o processo de melhoria da escola pública em geral.
Assim sendo, sugiriria o que, no meu entender, seria uma melhoria. Em vez de escolher, a cada ano, um aluno de cada uma das 120 escolas públicas de Campinas (assumindo que o número de escolas públicas com Ensino Médio em Campinas seja 120), a UNICAMP poderia escolher, a cada ano, 120 alunos de escolas públicas de Campinas, sem se preocupar com a distribuição dos alunos por escolas diferentes.
Assim, a proposta introduziria a concorrência entre as escolas. Se, num determinado ano, os 120 alunos viessem (quase per absurdum) de uma só escola, todo mundo iria querer descobrir — e imitar — o que essa escola estaria fazendo.
No sistema proposto (pelo menos pelo que se pode julgar da matéria), as 120 escolas teriam, necessariamente, um aluno (o seu melhor aluno, por hipótese) aceito pela UNICAMP — mas poderiam continuar a ser ruins… Assim, caberia a Universidade a tarefa de melhorar o nível de qualidade dos alunos e não às suas escolas de origem.
A Paloma discorda de mim… Mas deixarei que ela mesma expresse a sua discordância.
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