Em Dezembro deste ano fará quatro anos que mantenho este space. Já tinha um blog, antes, no Blogspot. Mas este space é mais do que simplesmente um blog. Permite-me compartilhar albuns de fotografias, listas de filmes e músicas preferidos, e, além do mais, receber comentários nos posts, nas fotos, e no próprio space – além, naturalmente, de manter uma lista de amigos (dos quais tenho mais de 400 aqui – quase quatro vezes mais dos que tenho no Orkut.
Criei este space em Dezembro de 2004 por sugestão de minha amiga Marcia Teixeira, da Microsoft – quando eu estava em Redmond, WA, na companhia de outra amiga, Ana Ralson, também da Microsoft.
O tempo passa rápido. Nesses quase quatro anos muita coisa aconteceu na minha vida. Não tenho idéia de quantos posts já escrevi aqui, nem de quantas fotos compartilhei. E não tenho paciência de contar.
Este post é dirigido aos que visitaram este space com certa regularidade durante esse período e tiveram a paciência de ler o que escrevi, ver as fotos que compartilhei, analisar as minhas sugestões de livros, músicas e filmes. Dentre eles, é dirigido especialmente aos que, tendo visitado o space, tomaram tempo para deixar uma mensagem de incentivo e elogio – por menor que fosse.
Quero agradecer as visitas de vocês.
Quando comecei a escrever, escrevia mais para mim mesmo, para permanentizar (se me permitem o neologismo) experiências que, doutra forma, poderiam se tornar voláteis, fugindo com o passar do tempo. Ou para registrar pensamentos e idéias sobre assuntos diversos, que, não registrados, poderiam ser rapidamente esquecidos.
Apesar de ter formação em filosofia, não sou especialista em nada. Interesso-me por tudo. Sou um generalista típico. Concordo com Terêncio, quando disse nihil humanum a me alienum puto: nada que é humano me é alheio. Aprecio mais, naturalmente, os aspectos mais elevados, heróicos mesmo, do ser humano. Emociono-me quando o ser humano é capaz de se transcender, de revelar o seu lado melhor, como Maurren Maggi fez ontem e as meninas do vôlei fizeram hoje cedo. Mas deliberadamente tento não ignorar os demais aspectos do ser humano, mesmo aqueles que freqüentemente me desgostam ou mesmo revoltam. Não os ignoro porque sei que, em determinadas circunstâncias, seria capaz de matar – na verdade, imagino situações em que seria capaz de matar sem guardar nenhum remorso. E sei que, se sou capaz de matar sem remorso, se as circunstâncias forem certas, também sou capaz de fazer outras coisas que considero erradas, sem sentir qualquer arrependimento. Assim sendo, tento nunca me esquecer do fato de que nós, humanos, somos seres complicados, muitas vezes contraditórios, que temos dificuldade em nos manter fiéis a nossos valores e ideais.
Sigo, enfim, a sugestão de Karl Popper de que a especialização pode ser um pecado venial no cientista, mas, no filósofo, é um pecado mortal. E a sugestão de David Hume, de que, antes de sermos filósofos, sejamos homens.
Comecei escrevendo para mim mesmo mas, aos poucos, ao receber feedback, comecei a escrever pensando em quem lia. Os posts, com o passar do tempo, deixaram de ser apenas para mim. Passaram, pouco a pouco, a ser destinados a um público maior, muitas vezes indefinido e difuso, mas que começava a se caracterizar como um público meu, fiel (embora certamente não exclusivo) e constante em suas visitas a este space, e cujos comentários comecei a esperar até com ansiedade.
Vezes houve, admito, em que escrevi pensando em leitores específicos – mas sabedor de que o que escrevia iria alcançar um público maior, pois a natureza humana nos permite apreciar, como se dirigido a nós, até aquilo que foi destinado a outrem.
Sou extremamente grato pelos comentários – o mais das vezes gentis, elogiosos, críticos, amigos. Sou grato até pelos comentários abusados de alguns professores e alunos de pós-graduação da UNICAMP, devotos de Karl Marx – comentários que deixei intactos no local, embora todos eles fossem basicamente idênticos, ritualmente repetidos, como se seguissem uma cola. Os demais comentários foram feitos sobre o space como um todo, sobre posts no blog, sobre fotos nos albuns. Alguns vieram do distante Portugal, inclusive da minha cidade de Chaves, no Trás-os-Montes, onde fiz amigos virtuais através deste space. Estou ficando dependente desse feedback. Ele me estimula e desafia. Ele me anima a continuar escrevendo mesmo quando, não fosse ele, preferiria me isolar um pouco, recolhendo-me a mim mesmo (como o fiz recentemente durante cerca de um mês).
Muito obrigado. Um abraço. Voltem sempre.
Em Salto, domingo, 24 de Agosto de 2008