Faleceu ontem (1/7/2009) em São Paulo o Deputado Federal (Democratas) José Aristodemo Pinotti. Ele tinha 74 anos (faria 75 no dia 20/12 deste ano), e era médico ginecologista, professor aposentado da UNICAMP e da USP, ex-Reitor da UNICAMP, ex-Secretário da Educação do Estado de São Paulo, ex-Secretário da Saúde do Estado de São Paulo, ex-Secretário Municipal da Educação da Cidade de São Paulo, ex-Secretário do Ensino Superior do Estado de São Paulo. Orgulhava-se também de ser poeta e membro da Academia Campinense de Letras.
Tive o privilégio de trabalhar com ele quando ele foi Reitor da UNICAMP (fui Pro-Reitor para Assuntos Administrativos) e todas as vezes (menos uma) em que foi Secretário de alguma coisa. (Não pude trabalhar com ele, embora tenha sido convidado, quando foi Secretário Municipal da Educação da Cidade de São Paulo, porque estava com muitos compromissos com o Instituto Ayrton Senna e a Microsoft).
Fomos colegas na UNICAMP durante vários anos. Em 1981 concorremos à Reitoria da UNICAMP, com mais onze colegas, na primeira experiência de escolha democrática de Reitor de uma universidade brasileira. Não deu certo. Na consulta à comunidade fiquei bem na frente dele. Mas ele tinha mais força política. O governo do Estado (Maluf) interveio, me demitiu (e a sete outros candidatos), e a consulta à comunidade não valeu para nada. O Conselho Universitário elaborou uma lista sêxtupla numa reunião sinistra e colocou o Pinotti na cabeça da lista. No dia seguinte saía a publicação no Diário Oficial do Estado nomeando-o Reitor.
Por causa da intervenção do governo do Estado, entrei na Justiça e ganhei liminar dois meses antes da reunião do Conselho Universitário – o que me permitiu participar dela. Depois de nomeado Reitor, mas antes da posse, o Pinotti me convidou para uma conversa em sua casa e ali acertamos a solução da crise. Eu ainda tinha mandato de Diretor da Faculdade de Educação por dois anos, e queria terminá-lo (agora era questão de honra), mas ele me convidou para participar da gestão dele – se não quisesse de imediato, assim que eu terminasse o mandato frente à Faculdade de Educação. Escolhi esta alternativa e me tornei Pro-Reitor (na época ainda sem a devida institucionalização) para Assuntos Administrativos. O caso dos demais diretores demitidos também foi resolvido a contento de todos.
Éramos inimigos políticos dentro da universidade, tornamo-nos amigos ao longo desse dolorido processo de cicatrização de feridas. Aprendi muito com ele – especialmente a arte política de formar alianças até com desafetos, diante da necessidade de realizar um trabalho importante. O Pinotti tinha muitos desafetos na UNICAMP antes de assumir como Reitor. Ao final do mandato, era uma unanimidade: não havia oposição (exceto uma minoria radical que é sempre contra tudo, até o que é bom – e, muitas vezes, especialmente contra o que é bom). A última vez que trabalhamos juntos foi na Secretaria de Ensino Superior do Estado de São Paulo – ele como Secretário, eu como Secretário Adjunto. Foi uma experiência frustrada e frustrante – no segundo caso, por causa do tanto que precisa ser feito em relação ao Ensino Superior público do estado…
Na Secretaria da Educação do Estado fui seu assessor e dirigi o Centros de Informações Educacionais (CIE). Na Secretaria da Saúde do Estado fui seu assessor, seu ghost writer, e dirigi o Centro de Informações da Saúde (CIS).
Perdi um importante colega e amigo – o Brasil perde um bom deputado, um grande médico, um excelente homem público.
Em Washington, DC, 2 de Julho de 2009
Eu também tenho muita admiração por esse homem público e agora vejo q tinha razão em admirá-lo…Machado
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