Hoje cedo, no Culto das Primícias (na última quinta-feira foi celebrado o Dia de Ação de Graças), na Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo, a Catedral Evangélica, na Rua Nestor Pestana, ao lado do Teatro de Cultura Artística (que deveria estar em reforma, depois de um incêndio, mas está lá, abandonado, em esqueleto), a Paloma e eu formalmente nos tornamos membros daquela comunidade, que frequentávamos com regularidade desde 2008.
A primeira igreja tem uma bela história. É a primeira igreja presbiteriana de São Paulo, fundada há 145 anos. A Primeira Igreja Presbiteriana de São Paulo (ainda não era Independente então) foi organizada no dia 5 de março de 1865, pelos missionários norte-americanos Ashbel Green Simonton (o primeiro missionário presbiteriano a vir ao Brasil, que chegou ao Rio de Janeiro no dia 12 de agosto de 1859) e Alexander L. Blackford (seu cunhado). Bkackford foi seu primeiro pastor.
Com o cisma de 1903, que criou a ala Independentemente da Igreja Presbiteriana, a igreja acompanhou os que saíam. O Rev. Eduardo Carlos Pereira, também famoso gramático, ficou com os independentes, que se opunham aos vínculos da Igreja Presbiteriana com a missão americana e ao fato de que os presbiterianos não impediam que seus crentes e pastores fossem maçons.
Antes da divisão, porém, “a Primeira Igreja foi o berço do Mackenzie College [hoje Universidade Presbiteriana Mackenzie], da Associação Cristã de Moços (ACM), do Hospital Samaritano, da Associação Evangélica Beneficente (AEB), [e] do Seminário Teológico de São Paulo”. Foi nela que se procedeu a divisão entre a Igreja Presbiteriana e a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, criada em 31 de julho de 1903 sob a liderança do Rev. Eduardo Carlos Pereira, então pastor da igreja.
A Primeira Igreja só teve treze pastores titulares ao longo dos seus 145 anos de vida – o último deles, o Rev. Valdinei, assumindo este ano.
Foram pastores da Primeira Igreja:
De 1865 a 1867 – Rev. Alexander L. Blackford
De 1867 a 1887 – Rev. George W. Chamberlain
De 1887 a 1888 – Rev. Modesto Perestrello Barros de Carvalhosa
De 1888 a 1923 – Rev. Eduardo Carlos Pereira
De 1923 a 1924 – Rev. José Maurício Higgins
De 1925 a 1931 – Rev. Otoniel Mota
De 1931 a 1933 – Rev. Isaac Gonçalves do Valle
De 1933 a 1958 – Rev. Jorge Bertolaso Stella
De 1959 a 1962 – Rev. Aretino Pereira de Matos
De 1963 a 1971 – Rev. Daily Rezende França
De 1971 a 1973 – Rev. Sérgio Paulo Freddi
De 1973 a 2009 – Rev. Abival Pires da Silveira
Desde 2010 – Rev. Valdinei Aparecido Ferreira
A igreja, naturalmente, não esteve sempre ali na Rua Nestor Pestana. Se não me engano, começou na Rua 24 de Maio, no centrinho da cidade.
Há uma breve história da igreja no seu site:
http://www.catedralonline.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=49&Itemid=114
Eis algumas fotos da fachada e da nave da igreja, retiradas do próprio site:
O Rev. Elizeu Rodrigues Cremm é Pastor Auxiliar da igreja há muito tempo. Ele foi meu colega no Instituto José Manuel da Conceição (JMC), em Jandira, São Paulo, em 1961-1962. Foi um privilégio ser recebido na igreja hoje por ele e pelo Rev. Valdinei. O Elizeu é um dos poucos colegas do JMC que continuei a chamar amigo e irmão (num sentido que vai muito além do religioso) nestes quase 50 anos, desde que nos conhecemos no JMC.
Eis duas fotos dele, retiradas da Internet:
Nos próximos dias, quem sabe meses, irei discutir um pouco essa decisão minha de voltar para a igreja. Esclareço que a decisão, enquanto processo, foi tomada com cuidado e responsabilidade, e que a escolha da Primeira Igreja tem profundas raízes na minha história.
Quando estudei no JMC, de 1961 a 1963, convivi com algumas pessoas que tiveram um papel importante na minha decisão de optar pela Primeira Igreja agora – um deles já falecido.
O primeiro, João Wilson Faustini, que, quando o conheci, era “apenas” professor, maestro e compositor, hoje é pastor e uma das maiores autoridades em música sacra no Brasil. Ele regia os corais do JMC. Sob sua batuta, cantei na Primeira Igreja várias vezes, em audições de Páscoa e de Natal. Ainda sob sua regência, cantei no Teatro Municipal de São Paulo, duas vezes, em uma delas, bem me lembro, uma Cantata de Dietrich Buxtehude. Ainda regido por ele, cantei no Coral de Mil Vozes que, na Concha Acústica do Pacaembu, abrilhantou a impressionante campanha de Billy Graham no Brasil no início da década de sessenta. Lembro-me dessas ocasiões todas como se tivessem acontecido hoje – e o Faustini, hoje querido amigo, esteve presente em todas elas. Para mim, o Faustini está identificado com a Primeira Igreja, mais do que qualquer outra.
(Sou amigo de boa parte dos irmãos e da família estendida Faustini. Adoro a Martha e a Loyde, as mulheres da família. A Martha foi colega de meu pai no JMC nos anos 30. É minha amiga até hoje. Sua voz acalentou minha meninice e juventude, no dueto de Jesus o Bom Pastor, com Carlos René Egg, que veio a se tornar seu marido. Com a Loyde vim a conviver bastante na Associação dos Ex-Alunos do Instituto José Manuel da Conceição. Fui colega do Marcos, no JMC. Sou amigo dele até hoje. Mais recentemente fiquei conhecendo o Sérgio, que é diácono da Primeira Igreja. Mais recentemente ainda fiquei amigo do Volney, sobrinho da Faustinada… Curiosamente, o João mora hoje em Irati, PR, com sua segunda mulher, Rosi. Morei lá quando criança pequena, em 1944.).
O segundo, Jonas Christensen, era meu colega de classe no JMC. Maestro, compositor, cantor, era um gênio precoce da música – que também precocemente nos foi tirado. Moramos no mesmo quarto em 1962, quando estávamos ambos no segundo ano do Curso Clássico. Ele morava em Osasco e era o regente do Coral Johann Sebastian Bach da Quinta Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo (a primeira de Osasco). Ele me levou para cantar nesse coral – com o qual viajei por várias cidades. Levou-me também para cantar no Coral Johann Sebastian Bach de São Paulo. Foi com ele que fiquei conhecendo o Teatro Municipal de São Paulo, em 1962, que eu nunca havia visitado. Assistimos lá audições inesquecíveis, como a d’O Cravo Bem Temperado, com João Carlos Martins, e a da Nona Sinfonia de Beethoven (na companhia do Faustini). Fiquei freguez dos Concertos Matinais Mercedes Benz. O Jonas criou um octeto, do qual eu era membro, para cantar em casamentos na Primeira Igreja. É isso que liga o Jonas à Primeira Igreja em minha memória.
O terceiro é o Elizeu. Ele veio a se tornar pastor da Primeira Igreja muito depois. Nessa condição, abrigou ali as principais reuniões da Associação dos Ex-Alunos do Instituto José Manuel da Conceição, criada em 1992, da qual eu tive o privilégio de ser presidente por um período. O Elizeu e eu éramos colegas de paixão no JMC (lá chamada, por razões que desconheço, de “butina”). Em 1961 ele começou a namorar a Marli, que veio a se tornar mulher dele, e eu a Reaci Camargo. No JMC era proibido namorar de qualquer forma que fosse além de olhares. As moças moravam de um lado do vale, os rapazes de outro. Passávamos boa parte da tarde sentados, um ao lado do outro, olhando para além do vale, na esperança de ver a namorada… O namoro dele frutificou. O meu chegou ao fim com o final do ano. Mas os nossos respectivos namoros cimentaram a nossa amizade.
No culto de hoje, estavam presentes as seguintes pessoas que viveram parte de suas vidas no JMC:
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Elizeu Cremm (colega meu, já comentado)
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Marli Cremm (colega minha, mulher do Elizeu, já comentada)
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Martha Faustini (já comentada)
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Loyde Faustini (já comentada)
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Isva Xavier (era secretária da escola)
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Reinhold Felipe Ortlieb (colega meu, colega de classe do Elizeu)
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João Rhonaldo (colega meu)
Assim, a partir de hoje, 28 de Novembro de 2010, a Paloma e eu somos membros da Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo. Apesar de ter ficado afastado da igreja durante cerca de 40 anos, sinto-me totalmente em casa na Primeira Igreja.
Além de nós dois, foram aceitos quinze outros membros na Primeira Igreja hoje. A Igreja Presbiteriana recebe novos membros por Batismo e Profissão de Fé, por Transferência e por Jusrisdição a Pedido.
O Batismo e a Profissão de Fé se aplicam a pessoas que querem se tornar membros da igreja mas não foram batizados antes nem fizeram sua pública profissão de fé em alguma Igreja Presbiteriana ou em alguma igreja co-irmã. O Batismo, na Igreja Presbiteriana, em geral se faz na infância para os que nasceram em um lar pertencente à igreja. A Profissão de Fé só acontece quando a pessoa já é adulta ou tem condições de decidir por si mesma. É possível, portanto, fazer a admissão de um novo membro adulto por Batismo e Profissão de Fé ou apenas por Profissão de Fé.
(Eu fui batizado na infância, na Igreja Presbiteriana de Campinas, pelo Rev. José Borges dos Santos Júnior. A Paloma foi batizada na infância (15 de Maio de 1977) na Igreja Metodista de Itaquera e, posteriormente, foi rebatizada por imersão na Igreja Evangélica (hoje Evangélica Ágape) de Ubatuba, em 1991. Eu fiz minha profissão de fé aos 17 anos, em 1960. O meu pai, Rev. Oscar Chaves, foi quem presidiu a cerimônia. O batismo adulto da Paloma corresponde a uma profissão de fé.)
A Transferência acontece quando uma pessoa que frequentava uma Igreja Presbiteriana (ou co-irmã) muda de cidade, ou de local dentro de uma mesma cidade, e passa a frequentar uma outra igreja. Nesse caso, pode pedir à igreja anterior que envie, para a nova igreja, a sua Carta de Transferência.
Por fim, a admissão por Jurisdição a Pedido se dá quando alguém, que já foi batizado e já fez sua Profissão de Fé, simplesmente solicita a uma igreja que o aceite como membro. Isso acontece quando é difícil obter cópia de uma Carta de Transferência. No meu caso, a última Igreja Presbiteriana de que fui membro no Brasil (até 1967, quando me mudei para os Estados Unidos) foi a Igreja Presbiteriana do Jardim das Oliveiras, em São Paulo. Dado que fiquei fora de lá por 43 anos, é pouco provável que a obtenção de uma Carta de Transferência, hoje, fosse viável. No caso da Paloma, não sabíamos qual seria exatamente a resposta da Igreja Batista do Povo, que foi a última igreja de que foi membro – até que deixou de frequentar em Setembro de 2008.
Conosco as seguintes pessoas foram admitidas à Primeira Igreja hoje:
Por Batismo e Profissão de Fé:
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Anderson Luís Barreto
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Oscar Henrique Claros Lacerda
Por Profissão de Fé apenas:
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Andreza Soares Martins
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Márcia Garcia Fuentes
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Marcos Alexandre de Souza Oliveira
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Maristela Lacerda do Nascimento
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Marluce Aragão dos Santos
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Roberto Bernardique Júnior
Por Transferência:
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Edinice Francisca Santos
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Eduardo Leonel Correa Cardoso
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Gerson de Andrade Correa
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Luís Augusto de Souza Correa
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Maria Aparecida de S. Andrade Correa
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Priscila Rocha Cunha
Por Jurisdição a Pedido
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Delza Maria de Souza Oliveira
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Paloma Epprecht e Machado
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Eduardo Oscar de Campos Chaves
Em tempo: a Bianca e a Priscilla, filhas da Paloma e, portanto, minhas enteadas, estavam conosco na Primeira Igreja hoje de manhã. Ficamos muito contentes com a companhia delas.
Enfim, por ora, é só.
Em São Paulo, 28 de Novembro de 2010
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