Paul McCartney escreveu essa canção (letra abaixo) quando ele tinha mais ou menos 15 anos e os Beatles ainda eram conhecidos como The Quarrymen. No devido tempo (1967, quarenta anos atrás) os Beatles a gravaram no album "Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band". (Dados retirados de interessante site http://www.songfacts.com/detail.php?id=126).
McCartney fez 64 anos no dia 18 de Junho de 2006 – há um ano e pouco. Eu estou fazendo hoje… Pela primeira vez estou comemorando (?) meu aniversário literalmente no ar — voando entre Tokyo e Washington no vôo United 804. Em Washington, depois de alguma espera, pegarei o vôo United 861 para São Paulo.
Dei-me conta há pouco de que há uma grande vantagem no fato de estar passando meu aniversário no ar entre Tokyo, Washington e São Paulo. Washington está 13 horas atrás de Tokyo e nós, em São Paulo, 12. Para mim, o dia do meu aniversário começou à zero hora de hoje, dia 7/9, horário de Tokyo. Mas ele só terminará ao meio dia de amanhã, 8/9, também horário de Tokyo. Isso porque há essas bendidas 12 horas de diferença entre Tokyo e São Paulo. À zero hora de amanhã, horário de São Paulo, estarei no avião indo de Washington a São Paulo. Quando for zero hora do dia 8/9 em São Paulo será meio-dia do dia 8 em Tokyo, o que significará que terei tido um dia de aniversário de nada menos do que 36 horas!!! Quem mais pode se dar a um luxo desses??? Literalmente um dia e meio de aniversário!!!
(Saí de Tokyo às 16h, hora local. Voarei 12 horas e 30 minutos e chegarei a Washington às 15h30, hora local — ou seja, 12 horas e 30 minutos depois, mas meia-hora antes, por causa das 13 horas de diferença do fuso horário).
Mas voltando à música de Paul McCartney, a letra é muito interessante. Para um menino de 15 anos, é bastante perceptiva. Naquela idade ele deve ter achado que 64 provavelmente era o máximo da velhice que era possível imaginar…
Mas mesmo assim fico pensando: por que escolheu 64 e não 65, ou 60, ou 70? Por outro lado, 64 é um número bonito, corresponde a 2 elevando a 6, é divisível por 2, por 4, por 8, por 16, e por 32, é o quadrado de 8 e o cubo de 4… Mas não acho que ele tenha escolhido 64 por causa dessas belezas matemáticas do número…
De qualquer maneira, Paul McCartney imaginava que ele estaria perdendo o cabelo quando chegasse aos 64 anos. Será que perdeu algum? Creio que não. Nem eu. Tenho ainda uma senhora cabeleira: nem uma pequena entrada para mostrar a idade. Os cabelos estão grisalhos, mas continuam lá…
McCartney também que, se "ela" topasse, aos domingos eles estariam mexendo no jardim, removendo os matinhos… coisa que eu, de minha parte, não me lembro de jamais ter feito na minha própria casa. Fiz isso apenas na casa dos outros.
(Trabalhei como jardineiro, na universidade e na casa de um professor, quando era aluno de pós-graduação em Pittsburgh. Enquanto trabalho de tempo parcial e de férias, não era dos piores. Houve outros trabalhos, alguns bem piores do que jardinagem, como, por exemplo, catar papel no gramado, com um baldinho e um cabo de vassoura com um prego na ponta; ou então limpar chãos, paredes e banheiros dos dormitórios. Outros trabalhos que realizei com regularidade, enquanto estudava, foram cortar a grama com um trator, dirigir a camionete da escola, dirigir o Cadillac de um professor inválido, ajudar na biblioteca… Mas esses eram trabalhos de qualidade. Gostava de fazê-los. Bons tempos!).
Enfim, estou aqui, completando meus 64 anos, ao lado de um monte de gente, mas sozinho, num avião da United, companhia que já me levou para tanto lugar do mundo. O site da United diz que eu já voei cerca de 750 mil milhas com a companhia. Se somar a essas as milhas da PanAm, companhia da qual a United comprou as rotas da América do Sul, e na qual eu já tinha um status alto como Frequent Flyer, provavelmente estou perto de ter voado um milhão de milhas com as duas companhias.
Já contei em algum lugar que meu primeiro vôo foi em 1947, quando tinha três anos e meio de idade, na companhia Aerolíneas Natal, depois comprada pela PanAir do Brasil, de saudosa memória nesses tempos de Varig, de TAM, de Gol. Não me lembro a data exata. De qualquer forma, está fazendo, neste ano de 2007, sessenta anos que eu voei pela primeira vez. Depois de 1947 creio que só fui voar ao ir para os Estados Unidos, vinte anos depois, em 1967. Mas daí não parei mais. Tenho tido sorte. Nunca tive um acidente ou ameaça de acidente. O único susto foi a arremetida que mencionei há dias, quando chegava a San Francisco nesta viagem ainda não terminada.
Hoje o vôo esteve ameaçado de cancelamento por causa do tufão que passou por Tokyo ontem durante a tarde e na noite passada. Hoje, quando acordei, por volta das 5h, chovia muito, havia um vento infernal, e o céu estava carregadíssimo. Depois limpou. Quando vim para o aeroporto, às 12h30, o vento havia parado e o céu estava limpo. Felizmente.
Mas estou consciente de que divago, deixando o meu pensamento correr de cá para lá, para a frente e para trás, ao sabor das associações de idéia. Talvez por estar aqui confortavelmente sentado na Executiva da United, tomando um bom vinho, "wasting away". Coisa de gente de 64 anos que, não havendo remédio para o envelhecimento, procura envelhecer com uma certa medida de dignidade.
[ET: É a segunda vez em menos de cinco anos que a Microsoft me impede de passar o meu aniversário em casa. Em 2003 passei o meu sexagésimo aniversário no Castelo Leopoldskron, em Salzburg, na Áustria, numa reunião de uma semana sobre Inclusão Digital. Meu amigo Michael Furdyk, que esteve comigo em Tokyo, durante a última semana, estava lá também. A reunião aqui de Tokyo foi dos "Advisories Boards" do programa "Partners in Learning" na Ásia. Os membros do "International Advisory Board" foram convidados e participaram de um painel, hoje cedo.]
No ar, em cima do Pacífico, num longo 7 de Setembro de 2007
—–
When I’m 64
Paul McCartney
When I get older, losing my hair,
Many years from now,
Will you still be sending me a Valentine,
Birthday greetings, a bottle of wine?
If I’d been out till quarter to three,
Would you lock the door?
Will you still need me,
Will you still feed me,
When I’m sixty four?
You’ll be older too!
And, if you say the word,
I could stay with you!
I could be handy, mending a fuse
When your lights have gone.
You can knit a sweater by the fireside…
Sunday mornings go for a ride…
Doing the garden, digging the weeds…
Who could ask for more?
Will you still need me,
Will you still feed me,
When I’m sixty four?
Every summer we can rent a cottage
In the isle of Wight,
if it’s not too dear…
We shall scrimp and save,
Grandchildren on your knee,
Vera, Chuck and Dave.
Send me a postcard, drop me a line,
Stating point of view.
Indicate precisely w
hat you mean to say.
Yours sincerely, wasting away,
Give me an answer, fill in a form,
Mine for evermore.
Will you still need me,
Will you still feed me,
When I’m sixty four?
Feliz Aniversario!!!!!!!!!!!!!!
Vc disse que completou 64 anos, dentro de um avião cheio de gente, porem sozinho.
Eu estava aí com vc! Tenha certeza disso! Eu estava com vc, assim como estou agora. Nosso espírito não conhece limitação de tempo e espaço.Meu espírito beijou o seu espírito no dia de hoje no momento em que vc escrevia que estava sozinho.
Crê nisso?
Eu creio porque eu estava aí!
Beijos
Ane
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