Em um grupo de discussão de que participo, sobre John Wesley, o fundador do Metodismo, alguém perguntou: "O que seria de nós metodistas sem nossa história?"
Respondi assim, retomando algumas questões que já havia discutido neste space…
Estou convicto de que nossa identidade é produto de nossa memória e de nossa esperança… Memória e esperança. Um professor meu no Seminário Presbiteriano de Pittsburgh (Dietrich Ritschl) escreveu, nos anos 60, um livro chamado Memory and Hope, que trata dessa questão… A questão da tradição face à modernidade, do passado face ao futuro…
Tanto no plano institucional como no pessoal, somos, EM PARTE, o produto de nossa história, da vida que vivemos até aqui – na verdade, somos o produto de nossa memória de nossa história, de nossa memória da vida que vivemos. Isso me parece inegável. Por isso, é bom cultivar a memória de nossa história, de nossa vida, de nossas tradições — mesmo que essa memória seja seletiva e condicionada pelo nosso presente e pela nossa visão do futuro. O Rubem Alves uma vez respondeu à pergunta: "Você ainda é protestante?" dizendo: "Claro! Sou, porque fui…"
Mas o futuro também nos condiciona, tanto quanto, ou talvez ainda mais do que, o passado. Por isso, somos, também, EM PARTE, o produto de nossas esperanças, de nossos sonhos, de nossa visão do futuro, ou seja, aquilo que queremos ser. Não só somos o que fomos — também somos aquilo que desejamos ser…
É nessa encruzilhada dialética da nossa memória (o passado) com nossa esperança (o futuro) que, no presente, construímos nossa vida e constantemente descontruímos e reconstruímos nossa identidade. Nossa liberdade (livre arbítrio) age aí: podemos decidir quanto do nosso passado vamos deixar influenciar nosso futuro – e quanto do nosso futuro vai orientar o nosso presente (e, talvez, até vai condicionar nossa memória do passado…).
Em São Paulo, 18 de Outubro de 2009.