O melancólico resultado do Comunismo em Cuba

Vejam abaixo duas matérias da Folha de ontem (22 de setembro de 2007).

Daqui uns 15-16 meses fará cinqüenta anos que Fidel Castro assumiu o controle político (e também econômico, cultural, militar, etc.) de Cuba, começando a inserção do país no universo comunista. Cinqüenta anos. Ele sobreviveu a todos os ditadores comunistas. Deve ser o ditador que mais tempo ficou no poder — ever, überhaupt. Se não fosse desumano, os EUA e outros países capitalistas deveriam, agora, impedir Cuba de tentar sair do comunismo: ainda comunista, Cuba seria um importante museu onde se mostrasse às novas gerações no que dá o Comunismo.

Ou vejamos (dados tirados das matérias abaixo).

1) O salário médio dos cubanos é de 15 dólares. Isso dá 50 centavos de dólares por dia. Tenho ouvido e lido muita gente boa, entre elas esquerdistas e simpatizantes de Cuba, descerem o sarrafo no mundo desenvolvido por permitir que em vários países africanos se sobreviva com dois dólares por dia — o que dá 60 dólares por mês, quatro vezes mais do que a renda média dos cubanos. A renda média dos cubanos é, segundo esses cálculos, renda de miséria total. E os esquerdistas brasileiros não investem contra isso. Preferem falar da pobreza dos africanos, que eles pretendem debitar à conta do mundo desenvolvido capitalista.

2) Os defensores da igualdade deveriam estar jubilantes: tirando El Comandante e seus cupinchas (afinal de contas, nem todo mundo é de ferro), em Cuba se alcançou a igualdade: a igualdade da miséria absoluta. Como disse um dia Mme. de Stael, os socialistas preferem a igualdade do inferno às desigualdades do céu (onde consta que alguns terão "galardões" maiores do que outros). Os cubanos conseguiram fazer de Cuba um inferno igualitário e miserável.

3) As geladeiras cubanas (importadas dos EUA e da União Soviética) estão sendo trocadas… Algumas são da época de Fulgêncio Batista, ou seja, têm mais de cinqüenta anos. Verdadeiras relíquias tecnológicas. Algum americano rico deveria comprá-las todas e colocá-las num museu em Miami para perpetuar no mundo a lembrança de qual é o resultado do Comunismo… As geladeiras que estão substituindo as relíquias vêm da China. Custam 270 dólares. Poupando toda a sua renda mensal, um cubano médio precisaria trabalhar um ano e meio (dezoito meses) para comprar uma delas.

4) A China so chegou ao ponto de estar vendendo geladeiras a Cuba (e tudo o mais ao resto do mundo) porque, na prática, abandonou o Comunismo, pelo menos em sua economia.

É isso…

Em Salto, 23 de Setembro de 2007

—–

Folha de S. Paulo

22 de setembro de 2007

Discurso de Raúl Castro lança debate sobre o futuro de Cuba Discussões são de franqueza incomum na ilha, mas Fidel ainda faz sombra

MARC FRANK

DA REUTERS, EM HAVANA

Nos locais de trabalho e nos bairros de todas as cidades de Cuba, as pessoas se queixam da situação de seu país, em um debate nacional sobre reforma econômica iniciado pelo presidente interino Raúl Castro. Depois de anos de crise econômica, os cubanos estão sendo convidados a propor soluções, por meio de discussões coletivas, depois que Raúl reconheceu, em discurso de 26 de julho, que os salários são baixos demais e a agricultura precisa de reformas estruturais a fim de alimentar o país.

"As pessoas estão se expressando como nunca, sobre todos os problemas que existem em suas vidas", disse um membro do Partido Comunista que compareceu a um dos debates. "Raúl elevou as expectativas de todos, de modo que é melhor que ele tenha algumas soluções a oferecer."

As queixas mais comuns variam dos baixos salários (em média de US$ 15) e serviços ineficientes às restrições ao abate de animais de rebanho, compras de livros e reservas de quartos em hotéis restritos aos turistas. "Quando a reunião começou, ninguém queria se pronunciar, mas fomos instruídos a falar com franqueza sobre as questões que Raúl havia levantado e tudo que nos afeta", disse Lariza, que vende café aos colegas de escritório a fim de suplementar seu salário. Desde que assumiu "temporariamente" o comando do governo cubano e do Partido Comunista, com a doença de seu irmão Fidel Castro, 81, um ano atrás, Raúl Castro vem apelando repetidamente por mais debate e críticas construtivas ao regime. Ele também exigiu estudos de especialistas sobre propostas de reforma para elevar a produtividade numa economia que é hoje 90% estatal.

Mas ainda não está claro até que ponto ele planeja levar as reformas. "O debate entre as bases não é novidade em Cuba.

Aconteceu coisa semelhante, sob a liderança de Fidel, no final dos anos 80 e de novo na metade dos 90", disse Rafael Hernández, editor da revista "Temas", que há uma década vem encorajando a discussão, ainda que limitada, de questões controversas.

"O que é novidade é que Fidel está menos ativo e os outros precisam construir um novo consenso porque o povo deixou de responder às políticas atuais", disse Hernández.

Fidel Castro escreve artigos regularmente para a mídia estatal cubana e os funcionários do governo dizem que ele é consultado sobre as questões importantes, mas, desde o ano passado, só é visto em imagens gravadas.

Em sua ausência, cresce a pressão pela mudança. John Kirk, historiador canadense especializado em assuntos cubanos, diz que Cuba agora está em melhor situação para considerar reformas econômicas porque suas finanças se recuperaram devido à estreita aliança com a Venezuela, rica em petróleo, a créditos comerciais generosos da China e a preços mais elevados para suas exportações de níquel.

"O governo cubano está tentado descobrir abordagens inovadoras para um dilema incomum. A situação econômica continua a melhorar, mas as desigualdades e outros problemas persistem, em uma longa crise iniciada com a dissolução da União Soviética", disse Kirk.

[Tradução de PAULO MIGLIACCI]

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Cubanos trocam velhas geladeiras russas e americanas por modelo chinês

FOTO: Alejandro Ernesto/EFE – Geladeiras antigas substituídas por modelos chineses novos, em um caminhão em Havana

DA REDAÇÃO

Centenas de geladeiras têm sido arrastadas para fora das casas de Havana, em um desfile de relíquias refrigeradoras. Muitas delas são da época do ditador Fulgêncio Batista e estão condenadas a serem substituídas por aparelhos chineses, modernos e econômicos, que o governo vende à população.

"É como se fosse da família", disse à agência Efe Yolanda, 71, prestes a se desfazer de uma Westinghouse que a acompanha desde 1950. Como ela, milhares de moradores de Havana aguardam os caminhões com trabalhadores que lhes perguntam se querem trocar seu velho "frío" por um novo. O plano de substituição faz parte da denominada "revolução energética", iniciada em Cuba em 2005 para melhorar o sistema de distribuição de energia e diminuir o consumo de e
letricidade.

Nesse último ponto, um dos elementos principais é a eliminação dos "devoradores de energia", como o ditador Fidel Castro descreveu os aparelhos, de origem russa ou americana -alguns fabricados antes da revolução de 1959- que ainda funcionam no país.

Os aparelhos chineses custam aos cubanos o equivalente a US$ 270, preço que, apesar de subsidiado, em um país onde a renda é em torno de US$ 15, cria um obstáculo que o governo tenta solucionar com créditos a juros baixos em função do salário do comprador.

[Com a agência Efe]

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