O Estado Malfeitor e o Estado (supostamente) Benevolente

Estou me preparando para uma oficina promovida pelo Liberty Fund que terá lugar, começando hoje à noite, até domingo de manhã, em São Roque, perto de Sorocaba — terra de vinho razoável.

O objeto de estudo durante a oficina será Wilhelm von Humboldt — educador e estadista alemão que viveu de 1767 a 1835, e que, como Ministro da Educação, fundou a Universidade de Berlin. Sua obra mais conhecida é Os Limites da Ação do Estado, escrito em 1791-1792, quando ele tinha meros 24 anos.

Uma das coisas mais interessantes que achei nesse livro – cheio de pérolas de sabedoria para a área educacional, que eu oportunamente comentarei – foi a afirmação de que nós (o povo em geral, incluindo os que se inclinam para a esquerda e os que pendem mais para a direita) em geral tememos o Estado Malevolente: o Estado autoritário, que pode facilmente se tornar o Estado totalitário. Contudo, afirma ele, mais perigoso, porque mais dissimulado, é o Estado que se pretende Benevolente e Benfeitor, o Estado que afirma colocar como seu objetivo o bem-estar de seus cidadãos: o Welfare State, o Estado do Bem-Estar Social, o Estado da "Rede-de-Segurança" ("Safety Net"), o Estado Previdenciário.

Esse tipo de Estado é mais perigoso porque, sob a pretensa realização do bem, ele acaba causando o mal mais mau – e se tornando o Estado Liberticida.

Escrito mais de 200 anos atrás, esse aviso é tão pertinente hoje quanto era na época em que foi escrito — talvez muito mais, haja vista as inúmeras bolsas inventadas pelo governo federal. Quando temos um Estado supostamente Benfeitor, que, alegando fazer o bem (mas com fins claramente eleitoreiros e de perpetuação no poder), mete a mão no nosso bolso para financiar uma série de "Programas Sociais" que nada mais fazem do que criar seres humanos dependentes do Estado, verdadeiros parasitas incapazes de cuidar de si próprios, seres que continuam, enquanto adultos, como nasceram: incompetentes, inautônomos, irresponsáveis — quando isso acontece (como está acontecendo) a real liberdade dos indivíduos de decidir sobre como usar seus recursos já acabou há muito tempo. Trabalhamos cinco de doze meses para custear esses programas que, do ponto de vista pedagógico, fazem qualquer coisa menos contribuir para o desenvolvimento do ser humano.

O Estado (supostamente) Benevolente é mais maléfico do que o Estado (claramente) Malfeitor: porque faz o mal sob o disfarce de fazer o bem… Hoje o Estado, sob a pretensão de nos fazer o bem, se mete em tudo em nossa vida. Diz-nos o que podemos (i.e., devemos) comer e o que podemos beber, nos prende mesmo quando não estamos causando mal a ninguém, bisbilhota a nossa vida alegando que está defendendo a moralidade pública…

É isso.

Nesse tom, ressuscito-me, depois de uma ausência de mais de um mês.

Em Campinas, 17 de Julho de 2008

2 responses

  1. oi
    eu não entendo nada de politica….
    graças a deus , porque senão enlouqueceria…
    mas , oque eu li em seu texto faz sentido!!
    o nosso governo é ¨te carrego no colo¨…..
    mas o que esperar de um povo que não tem ensino basico, a quem o nosso governo,
    a cada dia mais, tolhe a capacidade de raciocinio???
    o ensino apodreceu, virou faz de conta; a criança entra sem saber nada, e sai quase do mesmo jeito..
    alias, sai pior, porque pensa que sabe!
    esta geração virou massa de manobra, gado em curral!
    mas, que melhor maneira, destes politicos espertalhões , se perpetuarem no poder??
    Estamos quase vivendo um sistema de castas….camuflada…naturalmente.
    bem, paro por aqui, senão….
    bom curso, abrace o povo campineiro!
    beijos

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  2. Acho que se os programas sociais fossem condicionados à ida à escola esse paternalismo seria menos ruim. Devemos nos lembrar que a juda que o govereno dar é mínima, serve apenas para respirar em meio à miséria. Eu pessoalmente acho válida a id´´eia de assistência social desse tipo num país tão miserável como o nosso, tão desigual.

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