No artigo abaixo, publicado hoje na Folha de S. Paulo, Fernando Canzian faz várias afirmações. Queria pinçar apenas algumas delas.
1) Apenas cerca de 3 milhões de brasileiros (1,5% do total) vivem em famílias com renda familiar mensal superior a R$ 10.201. Note-se que estamos falando de famílias, não de indivíduos. O objeto de discurso é um coletivo, a família. Esta é a chamada Classe A.
2)Cerca de 30 milhões de brasileiros (15% do total) vivem em famílias com renda familiar entre R$ 2.551 e R$ 10.200. Esta é a chamada Classe B.
3) Cerca de 79 milhões de brasileiros (41,5 % do total) vivem em famílias com renda familiar entre 1.020 e R$ 2.550. Essa é a chamada Classe C.
4) Cerca de 79 milhões de brasileiros (41,5 % do total) vivem em famílias com renda familiar até R$ 1.020. Essa é a chamada Classe D.
5) Embora o autor do artigo não chame a atenção sobre o fato sobraria uma fração (cerca de 0,5% do total, ou 1 milhão de pessoas) cujas famílias, aparentemente, não têm renda nenhuma, ou que não têm família. Essa seria a chamada Classe E.
Vale a pena discutir esses dados – arredondados e aproximados ainda que sejam.
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Folha de S. Paulo
5 de Dezembro deo 2010
Luta de classes 2.0
FERNANDO CANZIAN
SÃO PAULO – O Brasil é um dos únicos países do mundo onde quartos de empregada ainda constam da planta de apartamentos novos.
Basta examinar a Folha de hoje. Apesar de proporcionalmente exíguos na comparação com a metragem total dos imóveis, esses espaços estão e ficarão cada vez mais difíceis de ser preenchidos.
Péssima notícia para a chamada classe B, ótima para os antigos “serviçais” e um desafio de proporções consideráveis à produção, à infraestrutura urbana e à qualidade dos serviços no Brasil pós-Lula.
Para os realmente ricos, isso custará só um naco a mais. Mas, para os hoje espremidos entre eles e as emergentes classes D/E e C, o preço (ainda incalculável) será salgado.
A expressão “esse aeroporto parece uma rodoviária” talvez explicite como nenhuma outra o mau humor do segmento que mais tem a “perder” com a transformação social em curso no país.
Pelo critério do Datafolha, cerca de 3 milhões de brasileiros (1,5% do total) vivem em famílias com renda mensal superior a R$ 10.201. Já os menos favorecidos (renda familiar até R$ 2.550) são 158 milhões (83%). Sendo que mais da metade deles vive ainda pior, com renda familiar abaixo de R$ 1.020.
Espremidos entre os mais pobres embaixo e os ricos por cima, sobram cerca de 30 milhões de brasileiros (15% do total) em famílias que atravessam o mês com renda entre R$ 2.551 e R$ 10.200. (Alguém aí se identifica com isso?)
Esse segmento, considerado aqui classe B, depende do andar de baixo em diversos aspectos, muitos voltados exatamente para a expansão de sua renda presente e futura: via babás, domésticas e outros serviços pessoais que os liberam para trabalhar e/ou se aperfeiçoar.
Em um país ainda muito pobre, mas cada vez mais emergente, esses serviços existirão por muito tempo ainda. Assim como o desconforto e os preços cada vez maiores para quem quiser comprá-los.
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Em São Paulo, 5 de Dezembro de 2010
Sempre senti falta de uma classificação social acima da classe A.
Faz muita diferença você viver com uma renda mensal de R$ 10.500,00, ou R$ 50.000,00, ou R$ 300.000,00, ou R$ 1.000.000,00, e por aí vai… Mas estão todos na mesma cesta…
Por outro lado, não sei se faz tanta diferença viver com uma renda mensal de R$ 10.500,00, ou R$ 8.500,00, por exemplo.
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Acho que vc está totalmente certa. Uma categorização que coloca a gente junto com o Eike Batista precisa ssr aperfeiçoada.
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