Transcrevo abaixo Editorial sobre filantropia no Brasil publicado na Folha de S. Paulo de hoje. O brasileiro se encontra em 76º lugar no mundo na área de filantropia.
Na média mundial, os cidadãos dedicam à filantropia 0,8% do PIB. No Brasil a proporção cai para 0,3%. Nos Estados Unidos, é 2,1%.
Isto significa que o brasileiro não doa quase nada de seu salário ou de sua renda para caridades e projetos sociais.
O Editorial explica por quê: a ganância do Estado brasileiro, que se propõe ser tudo para todos e, para isso, nos rouba cerca de 40% do que ganhamos.
Se trabalhamos até o mês de Maio para sustentar o governo, que, desde que o indivíduo seja pobre, lhe dá bolsa para tudo (até para gás de cozinha), por que alguém ainda vai dar voluntariamente do que sobra?
O Estado quer ser tudo para todos, ele que resolva todo problema que aparecer.
Em países, com os Estados Unidos, em que o Estado não é tão voraz na área fiscal, as pessoas são bem mais generosas. É por isso que a filantropia individual pura (não confundir com a chamada Responsabilidade Social Corporativa das empresas) ali é responsável por uma série projetos sociais significativos. Haja vista o que faz a Fundação de Bill e Belinda Gates, a Ford Foundation, a Rockefeller Foundation, a Carnegie Foundation, etc. Todos esses indivíduos foram (são, no caso de Bill e Melinda) extremamente ricos. Mas as pessoas da classe média também doam – e significativamente.
———-
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2401201102.htm
Folha de S. Paulo
24 de Janeiro de 2011
Editoriais
O valor da doação
Imagens de generosidade e calor humano sempre estiveram associadas à cultura brasileira. Notícia publicada na última sexta-feira, no caderno Mercado, poderia contudo levar algum espírito pessimista a contestar esse tipo de afirmação. O país está bem abaixo da média no que se refere à filantropia. Dados de uma fundação britânica situam o Brasil em 76º lugar, entre 153 nações, no ranking de atitudes humanitárias como doar dinheiro, dedicar parte do tempo livre a causas beneméritas ou ajudar desconhecidos.
Nos Estados Unidos, calcula-se em 2,1% do PIB a quantidade de recursos que os cidadãos destinam à filantropia; a proporção cai para 0,3% no Brasil, contra a média mundial de 0,8%.
A pesada e complexa carga tributária surge como um fator a ser levado em conta. A todo momento, o contribuinte é chamado a prestar novos sacrifícios, em nome de melhorias na saúde, da universalização do acesso à telefonia, da eletrificação das regiões rurais. Paga ainda pelas exigências do poder público quando se trata de inibir a poluição nas cidades ou financiar as estradas.
Num país em que o Estado não se mostra tão desavergonhado em seu propósito de escorchar os cidadãos, é de esperar que exista mais disposição em contribuir para causas filantrópicas.
A constante necessidade de recursos do Estado e sua ainda mais persistente vocação para o desperdício e a corrupção também estão na raiz de outro problema -a ausência de estímulos econômicos para doações.
Há pouca isenção de impostos para a benemerência. Por sua vez, o governo desconfia, não sem motivos, de que doações, patrocínios e campanhas sirvam a empresas e pessoas físicas como forma de burlar o fisco. Na outra ponta, ONGs muitas vezes são flagradas em irregularidades, quando não servem a interesses políticos e religiosos mal esclarecidos.
Numa palavra, é de um arcabouço institucional e legislativo mais eficaz e transparente -e não de mais amor ou generosidade- o que se precisa no país. E, vale lembrar, se de ganância se trata, é a do Estado, e não a dos cidadãos, que salta à vista.
———-
Em São Paulo, 24 de Janeiro de 2011.
Pingback: Os Views dos Meus Artigos Aqui, « Liberal Space: Blog de Eduardo Chaves
Pingback: Top Posts of this Blog for all time ending 2014-04-14 with number of views « * * * In Defense of Freedom * * * Liberal Space