A Relatividade da Importância que Damos a Certas Coisas…

Aposentei-me da UNICAMP em Dezembro de 2006. Já fez sete anos.

Só agora, quando estou arrumando meus livros e meus arquivos aqui no sítio, tive coragem de realmente dar adeus às besteiragens e bobageiras da vida acadêmica.

Já enchi umas dez caixas enormes com cópias de teses e dissertações de que fui banca; com certificados de participação em bancas de tese, dissertação e concurso, de orientação de tese e dissertação, de participação em eventos (congressos e assemelhados), de ministração de palestras, etc.

Alguns certificados são lindos, dá dó jogar fora… Fico imaginando que qualquer médico, dentista ou advogado (são os que pregam certificados na parede) ficaria contente de pregar os certificados, devidamente emoldurados, na parede de seu consultório/escritório e lhe cobrar 50 reais a mais na consulta em decorrência de cada certificado… (Flames > Nul)

Estou me sentido tão mais leve! Nunca mais — literalmente: nunca mais! — vou precisar disso.

Do meu curriculum vitae, ultimamente, venho retirando coisas. E olhem que nunca nem coloquei nele as palestras ministradas, as participações em banca, orientação, congressos e outros eventos, etc.

Assim, conforme fui ficando mais velho e gradativamente me desligando (primeiro espiritualmente, depois materialmente) do circo acadêmico, meu curriculum vitae veio diminuindo… Não porque eu deixasse de fazer coisas, mas porque deixei de as considerar importantes, por não precisar mais delas.

Ainda tenho umas manias das quais tenho dificuldade de me livrar.

Li ontem à noite, em uma biografia de C S Lewis (por Walter Hooper), que ele, ao acabar um artigo ou um livro, jogava os rascuhos, as versões pré-finais, etc., tudo fora. E que, uma vez que o artigo fosse publicado, jogava fora até a versão final. E não registrava, em nenhum lugar, os artigos e os livros que a escrevia. Nem guardava cópia do volume publicado. Foi só quando Walter Hooper (o biógrafo) foi contratado como seu secretário que ele, Hooper, começou a procurar e a listar tudo o que o mestre havia escrito.

Não consigo ter esse nível de desligamento. Guardo sempre as “trocentas” versões de tudo que escrevo. Em formato digital e impresso. Mas vou me esforçar para chegar lá.

Em Salto, 13 de Fevereiro de 2014

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