20 Séculos de Cristianismo em 3 Dias

Na semana que vem, nos dias 14 a 16 (Julho, 2015), das 19h30 às 21h, ministrarei um curso de quatro horas e meia sobre o tema acima. Há quem considere impossível falar sobre 20 séculos de Cristianismo em menos de cinco horas. Mas esse é o desafio que me propus.

JUSTIFICATIVA DO TEMA

Indivíduos e instituições têm identidade.

Nossa identidade, como indivíduos, está intimamente ligada a nossas memórias — às coisas que somos capazes de lembrar acerca de nós próprios. E nossas memórias estão intimamente ligadas à nossa história. Embora seja possível inventar memórias, ou seja, criar memórias fictícias, e até mesmo acreditar que elas são verdadeiras, a maior parte de nossas memórias decorre de nossa história, ou seja, daquilo que de fato aconteceu conosco, ou que nós próprios fizemos acontecer, ao longo de nossa vida.

O mesmo se dá com instituições — como, por exemplo, o Cristianismo. O Cristianismo é uma instituição extremamente complexa. Tem pelo menos três grandes ramos: o Ortodoxo, predominantemente Oriental, o Católico, predominantemente Ocidental, e o Protestante, hoje, basicamente Global (não é à toa que as igrejas neo-evangélicas criadas no Brasil usam e abusam de adjetivos que indicam isso: Universal, Mundial, Internacional, etc.).

Talvez o Cristianismo, tout court, tenha uma identidade básica que o diferencie de outras religiões: Judaísmo, Islamismo, etc. Possivelmente essa identidade básica tenha que ver de alguma forma com a pessoa de Jesus Cristo — afinal, a religião cristã dele deriva seu nome. Mas há muita divergência acerca do que, na pessoa de Jesus Cristo, seria responsável pela identidade cristã. Para os cristãos ortodoxos (num outro sentido, não envolvendo necessariamente os Ortodoxos Orientais), Jesus Cristo era Deus — a segunda pessoa da Trindade. Mas muitos grupos no Cristianismo antigo — definidos como heréticos — rejeitavam essa tese (embora reconhecendo que Jesus foi um ser superior). Mais recentemente surgiu o movimento Unitarista, que rejeita a divindade de Cristo. A maior parte dos cristãos chamados liberais também rejeita, afirmando que Cristo era o maior dos profetas ou dos mestres.

Mas além da identidade básico do Cristianismo, cada um dos ramos do Cristianismo tem uma identidade básica. No caso dos Católicos, ela aparentemente está ligada ao reconhecimento da Sé Romana e do Papa como sua liderança real.

No caso do Protestantismo, talvez ele também tenha uma identidade básica e várias identidades específicas, que diferenciariam as diversas denominações ou igrejas que se consideram protestantes ou evangélicas.

A gente estuda a História da Igreja para poder encontrar uma resposta a questões como “Os Mórmons são Cristãos? São Protestantes? E os Testemunhas de Jeová? E os Adventistas do Sétimo Dia? E a Ciência Cristã? E o Espiritismo?”.

Mas a gente estuda a História da Igreja principalmente para entender por que a gente é Cristão, Protestante, Presbiteriano, e Independente e não alguma outra coisa. Para entender isso, a gente precisa saber o que caracteriza a especificidade de cada um desses “centros de identidade”.

Um corolário desse estudo é que a gente é capaz de dar uma resposta plausível acerca de quem é irmão, quem é primo, quem é cunhado, e quem nem parente é, em termos de afiliação religiosa…

PROGRAMA DO CURSO

Temos apenas cerca de dez horas, distribuídas em três dias, para discutir 20 Séculos de Cristianismo. Se fizéssemos uma média, teríamos mais ou menos meia hora por século. . . É evidente, portanto, que não faz sentido passar em alta velocidade pelos vinte séculos. Faz bem mais sentido dar uma ideia geral da periodização da História da Igreja e concentrar em grandes marcos.

Isso será feito no início do primeiro dia — é rápido. Dedicaremos o restante do primeiro dia para cobrir os grandes marcos dos primeiros quinze séculos do Cristianismo — a Antiguidade Clássica e a Idade Média.

No segundo dia discutiremos os grandes marcos da Idade Moderna e da Era Contemporânea, cobrindo da Reforma Protestante de 1517 até os dias de hoje — com foco global.

O terceiro e último dia será usado para discutir o Cristianismo no Brasil. O Cristianismo Católico chegou aqui muito cedo, através dos colonizadores portugueses e especialmente, a partir da criação da Companhia de Jesus, dos Jesuítas que vieram com eles. Houve, antes do século 19, tentativas reformadas de trazer o Protestantismo para o Brasil através dos Huguenotes Franceses e dos Reformados Holandeses. Mas eles foram expulsos pelos Portugueses Católicos. Foi só no século 19, quando o Brasil deixa de ser Colônia e se torna Império, que imigrantes ingleses e alemães trouxeram o Anglicanismo (Episcopalismo) e o Luteranismo para o Brasil, e, depois, missionários, especialmente americanos, nos trouxeram o Presbiterianismo, o Congregacionalismo, o Metodismo, o “Batistismo”, e, um pouco mais tarde, o Pentecostalismo. Altamente minoritários, os Protestantes eram uma pequena minoria até a segunda metade do século 20, quando através do Neopentecostalismo, teve um crescimento espantoso, que hoje nos permite indagar se o Brasil ainda será, quem sabe ainda no século 21, um país predominantemente protestante.

Em resumo, o Plano de Curso é o seguinte:

Dia 1:
O Cristianismo até a Reforma: 1500 Anos de uma Igreja Mais ou Menos Unida

Dia 2:
Da Reforma aos nossos Dias: Um Novo Conjunto de Atores em Cena

Dia 3:
O Cristianismo no Brasil: Corremos o Risco de nos tornar um País Protestante?

Você está convidado a participar dessa experiência e é instado a torna-la um sucesso, trazendo sua dúvidas e inquietações — na forma de perguntas.

O curso será ministrado nos dias 14, 15 e 16 de julho deste ano (terça, quarta e quinta), das 19h30 às 21h, na Faculdade de Teologia de São Paulo da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil (FATIPI), à rua Genebra, 180, na Bela Vista, em São Paulo.

Detalhes sobre como se inscrever podem ser encontrados no site da FATIPI:

http://fatipi.edu.br/semana-faculdade-aberta-2015/

Eduardo Chaves

Em São Paulo, 6 de Julho de 2015.

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