Conselhos à Andrea sobre a educação da Olívia…

Em 22 de Julho de 2003 escrevi (devidamente provocado por ela) uma carta à minha filha Andrea, que mora nos Estados Unidos, que estava preocupada com a educação de minha neta, Olivia, que tinha um ano e quatro meses naquela época. Foi uma carta longa (que pode ser lida na íntegra, em Inglês, em meu site http://www.trivium.org.br/). 

Terminei a carta fazendo as seguintes sugestões a ela acerca da educação da Olivia (que traduzo do Inglês agora):

Primeiro, não se preocupe demasiado com a educação dela — evite ansiedades: relache (relax), e desfrute (enjoy) a nobre tarefa de ajudá-la a aprender e a se desenvolver;

Segundo, ofereça a ela um ambiente cheio de amor (que, eu sei, você já faz);

Terceiro, ofereça a ela um ambiente rico em oportunidades de aprendizagem (que, também sei, você já faz);

Quarto, confie na curiosidade natural dela, no seu desejo de aprender: isso é, nela, quase um instinto de sobrevivência;

E quinto, afaste dela qualquer pessoa que tente fazer do aprender um ato compulsório, sem vínculo com vida, e, portanto, doloroso, entediante… E procure evitar que qualquer coisa sugira a ela que aprender é isso.

Na semana atrasada, em Sydney, Australia, eu folheava, durante uma reunião da Microsoft, um livro que meu amigo Bruce Dixon carregava com ele (Andy Hargreaves & Dean Fink, Sustainable Leadership [Jossey-Bass, San Francisco, 2006]). Ali encontrei nas pp. 18-20 uma defesa da noção de “Escolarização Vagarosa” (Slow Schooling), que os autores defendiam – e que me fez lembrar dos conselhos que dei à Andrea…

Eis como os autores conceituam “Slow Schooling”:

·         Deixa para iniciar o aprendizado formal bem mais tarde

·         Aumenta ao máximo a flexibilidade do currículo

·         Enfatiza o prazer de aprender

·         Reabilita o papel do jogo na aprendizagem

·         Não pressiona a criança para aprender o que ela não está interessada em aprender

·         Elimina ou reduz testes e provas

Cada vez me convenço mais de que a “nova escola”, a “escola do futuro”, a “escola do século XXI” deve procurar eliminar ao máximo as diferenças entre educação não-formal e educação formal, deve reintegrar a educação à vida, deve reunir o que meu amigo Hugo Assmann (que gosta de falar sobre a necessidade de “reencantar a educação” chama de “processos cognitivos” e “processos vitais” (que nada mais são do que a aprendizagem e a vida).

Se a tecnologia não fizer outra coisa além de derrubar os muros da escola atual e as paredes das salas de aula de hoje, reintegrando a escola ao mundo e a educação à vida, já terei nos prestado inestimável serviço.

Numa mesa redonda de que participei em Caraguatatuba, no último dia 24/8, em companhia de meu colega na UNICAMP José Armando Valente (que herdou o NIED que eu criei), bati nessa tecla. 

Salto, em 30 de agosto de 2006

Uma resposta

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

%d blogueiros gostam disto: