Não sou daqueles que, quando os filhos eram pequenos, se julgava dono deles. E nem de longe me considero dono de meus netos. Converso com eles, negocio com eles, como se fossem gente grande — mesmo com o Marcelo, que tem apenas três aninhos.
Se nunca me considerei dono de meus filhos e meus netos, rejeito, enfaticamente, qualquer tese que pressuponha, assuma, ou sugira que o Estado é dono dos meus filhos e tenha o direito (quanto mais o dever) de determinar se e como devem ser educados.
Considero a educação mais do que importante: ela é o processo mediante o qual nós, que nascemos incompetentes, inautônomos (dependentes) e irresponsáveis, nos tornamos, no devido tempo, adultos competentes, autônomos e responsáveis. Se não passarmos por esse processo, vamos crescer (crescer é um processo meramente biológico, que acontece de forma virtualmente automática, desde que sejamos alimentados) e nos tornar parasitas totalmente incompetentes, incapazes de assumir responsabilidade sobre nossa vida e nosso destino: ou alguém (o Estado?) cuidará de nós, ou morreremos à míngua.
Isso posto, pergunto: se nem mesmo nós, pais e avôs, nos consideramos donos de nossos filhos e netos, de onde surge a idéia de que o Estado tem o direito — ou, mais do que isso, o dever — de decidir que nossos filhos e netos devem ser educados dessa ou daquela maneira, nessa ou naquela instituição, durante no mínimo tantos anos (e a partir de determinada idade), de decidir quantas horas por semana ou por ano são sentenciados a permanecer na escola, de definir que coisas devem aprender na escola e como, de escolher quem deve ajudá-los a aprender, de punir os pais que desejam educar eles próprios seus filhos, fora das escolas autorizadas a funcionar pelo Estado?
A noção de uma educação pública, regulada e até mesmo oferecida pelo Estado, é, junto com a noção de uma saúde pública, o último resquício de um socialismo estatizante que, em tudo mais, está totalmente desmoralizado. Na realidade, a educação e a saúde públicas também estão totalmente desmoralizadas — só que a esquerda conseguiu convencer a população a acreditar que podem ser recuperadas, se investirmos mais recursos (isto é, se pagarmos ainda mais impostos) — haja vista a tentativa imoral de ressuscitar a CPMF com outro nome.
O estado socializante arrecada uma quantidade inacreditável de recursos para sustentar o anacronismo de uma educação e uma saúde pública, oferece à população educação e saúde de péssima qualidade, que obriga os cidadãos que tem recursos a pagar pela educação e pela saúde uma segunda vez em instituições privadas, e usa a má qualidade dos serviços que oferece para tentar persuadir os trouxas de que a qualidade deles só vai melhorar se desembolsarmos ainda mais dinheiro.
A escolarização não deve ser compulsória. O Estado não tem o direito, muito menos o dever, de obrigar quem quer que seja a colocar seus filhos na escola. E a educação não deve ser estatal. Isto quer dizer que, havendo escolas, o Estado não deve nem financiá-las nem administrá-las nem, muito menos, definir o que deverá ser ensinado nelas, por quanto tempo, de que forma, ou por quem.
O estado desastroso da educação pública neste país, que tenta doutrinar nossas crianças numa ideologia ultrapassada e já totalmente refutada pelos fatos, é resultado dessa interferência indevida do Estado na educação. As revistas VEJA e Época já denunciaram os livros que o governo compra para colocar nas escolas públicas (assim decretando que determinados autores se tornem sucesso de vendas do dia para a noite, e milionários, exclusivamente porque declamam em piloto automático o catecismo da esquerda).
A esquerda sempre defendeu, quando chegou ao poder, a tese de que as nossas crianças são propriedade do Estado, para serem transformados em bucha de canhão em suas guerras e revoluções ou para se tornar dóceis papagios que repetem o ideário esquerdista, ou, então, robôs que, incapazes de pensar por si próprios, cumprem as ordens de sua "vanguarda" e fazem greve, ou passeatas e demonstrações, ao ouvir o apito de seus líderes, por mais corruptos que sejam.
Ou os brasileiros recuperam a guarda de seus filhos, impensadamente colocada nas mãos do Estado, e os educam foram da tutela do Estado, ou este país não tem futuro.
Em Campinas, 8 de Junho de 2008.
Oi Eduardo,
Me identifico com esse seu ponto de vista acerca do poder do Estado sobre os rumos da Educação. A educação escolar tem o objetivo de preparar para a vida em sociedade, mas o problema é que tipo de sociedade, quais valores e conhecimentos devem ser priorizados. Realmente, a escola atual ainda deixa muito a desejar.
Abraço
CurtirCurtir
Pingback: Os Views dos Meus Artigos Aqui, « Liberal Space: Blog de Eduardo Chaves
Pingback: Top Posts of this Blog for all time ending 2014-04-14 (Summarized) « * * * In Defense of Freedom * * * Liberal Space