Tempo, de Viviane Mose

Um belo poema de Viviane Mose, que o Rubem Alves me passou.

TEMPO

quem tem olhos pra ver o tempo soprando sulcos na pele
soprando sulcos na pele soprando sulcos?

o tempo andou riscando meu rosto
com uma navalha fina
sem raiva nem rancor
o tempo riscou meu rosto
com calma

(eu parei de lutar contra o tempo
ando exercendo instantes
acho que ganhei presença)

acho que a vida anda passando a mão em mim.
a vida anda passando a mão em mim.
acho que a vida anda passando.
a vida anda passando.
acho que a vida anda.
a vida anda em mim.
acho que há vida em mim.
a vida em mim anda passando.
acho que a vida anda passando a mão em mim

e por falar em sexo quem anda me comendo
é o tempo
na verdade faz tempo mas eu escondia
porque ele me pegava à força e por trás

um dia resolvi encará-lo de frente e disse: tempo
se você tem que me comer
que seja com o meu consentimento
e me olhando nos olhos…

acho que ganhei o tempo
de lá pra cá ele tem sido bom comigo
dizem que ando até remoçando

Em São Paulo, 1 de Maio de 2009

4 responses

  1. Realmente, um belíssimo poema… Obrigado por tê-lo colocado em seu blog, de modo que pudesse conhecê-lo!Um grande abraço,flávio.

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  2. Ontem meu Professor da faculdade (Psicologia), da cadeira de Bases espistemológicas, declamou esse poema. É muito lindo, Parabéns pela iniciativa de colocá-lo aqui. Caso tenha o prazer de conher a Sra. Viviane, por favor parabenize.
    Camila Garcia

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