1. Introdução
Minha prima querida, Alison Biggi Sanvido, escreveu hoje, lá de Calgary, no Canadá, em seu Facebook (usando outra tradução da Bíblia):
“Por acaso, um homem preto pode mudar a cor da sua pele ou o leopardo tirar as suas manchas? Se isso fosse possível, vocês, que só sabem fazer o mal, também poderiam aprender a fazer o bem.” (Bíblia, Jeremias 13:23, NTLH; itálico acrescentado).
A tradução usada pela Alison não diz “homem preto”, diz “etíope”. Mas a Nova Tradução em Linguagem de Hoje (NTLH), que eu usei, fez bem em não eufemizar: é preferível dizer as coisas da forma que elas foram ditas, sem tentar suaviza-las. [Meu Word me informa que o verbo “eufemizar” não existe. Mas existe, sim. Ele deriva de “eufemismo”, cujo sentido é “ato de tentar atenuar e abrandar o sentido ou o impacto palavras e ideias consideradas desagradáveis”. Se não existisse, teria passado a existir a partir do momento em que eu o utilizei.]
Enfim, o versículo de Jeremias, um escritor meio pessimista e mimimi (donde o termo “jeremíada”, que quer dizer “diatribe, lamentação, discurso emocionado e revoltado sobre assunto considerado polêmico”), me fez lembrar de duas coisas, que vou relatar e discutir aqui:
Primeira coisa: de uma aula que dei na semana atrasada (dia 29 de fevereiro), na sequência da “condução coercitiva” do Lulla, que, ultimamente, abandonou a persona “Lulinha, paz e amor” para se parecer mais com um cão raivoso e babento. A aula era de História da Igreja, mas eu resolvi relacionar os eventos da semana (a aula era na sexta, dia 4) com certos temas teológicos que aparecem com frequência na história do pensamento cristão.
Segunda coisa: de um livro de Thomas Sowell, A Conflict of Visions: Ideological Origins of Political Conflicts (Basic Books; 1st ed. 1987; 2nd ed. 2006) que li pela primeira vez em 1999, dois anos depois de publicado em primeira edição, e que voltei a ler recentemente, na versão revista, a propósito de um outro livrinho que comprei na semana passada sobre Thomas Sowell, que mencionarei no capítulo 3.
2. Lula, Eventos Recentes e a História do Pensamento Cristão
Abordei na aula de 4 de Março dois temas ou duas doutrinas cristãs: (a) a doutrina do pecado original combinada com a doutrina da total depravação da natureza humana e (b) a doutrina da dupla predestinação.
A. O Pecado Original e a Total Depravação Humana
O primeiro tema que quero discutir é a doutrina combinada do alegado pecado original do homem e da suposta depravação total de sua natureza humana que esse pecado produziu. Em outras palavras: a doutrina de que, em virtude do fato de nossos supostos primeiros pais terem pisado na bola lá no Jardim do Éden, em que presumidamente viviam, desobedecendo a Deus e, assim, cometendo o primeiro pecado, chamado de “pecado original” pelos teólogos, todos os seus descendentes, vale dizer, toda a humanidade, nós inclusos, ficou, por assim dizer, tão contaminada pelo ação do primeiro casal que, como diria Agostinho, non peccare non potest: não pode não pecar, não é capaz de não pecar, isto é, está destinada a, inevitavelmente, ser pecadora.
Agostinho, no século 4-5 e os reformadores protestantes do século 16 (em especial Calvino, mas, em menor grau, também Lutero) aparentemente sentiam prazer especial em dizer, insistentemente, que o pecado original de Adão e Eva – que podiam não pecar, e, por conseguinte, tinham livre arbítrio, em decorrência do qual, podendo não pecar, escolheram pecar – corrompeu de tal maneira a natureza de seus descendentes que a tornou “totalmente depravada”, a ponto de seus oponentes (pelagianos, arminianos, etc. – movimentos devidamente condenados como heréticos pelos donos da verdade, os ortodoxos) os acusarem de negar que, depois da queda dos pais primevos [Word recusa o termo], nós realmente ainda tenhamos livre arbítrio, isto é, ainda sejamos livres.
Se os críticos de Agostinho e os reformadores protestantes estiverem certos em sua alegação (e eu suspeito que estejam), nós, no entender da ortodoxia protestante, não somos (sem a ajuda divina, registre-se) realmente livres para non peccare, para fazer o bem e o certo, para viver uma vida que, ao final, nos aterrize no céu, por toda a eternidade. [“Aterrizar no céu” é uma expressão que parece contraditória, mas vá lá – e o Word, na companhia de alguns outros frescos, refuga o verbo “aterrizar” – mas prefiro ficar com o Houaiss, que diz que “aterrizar” quer dizer a mesma coisa que “aterrissar”, que é o termo que “les bien-parlants” de hoje preferem. Mas estou digressionando de novo – e uso esse verbo horroroso porque o Word e o Houaiss me asseveram que “digredir”, que eu prefiro, não existe… Voltemos ao assunto]. Em outras palavras: só conseguimos non peccare, fazer o bem e o certo, mesmo assim inconsistentemente, se Deus (ou Jesus Cristo) passar a (de alguma forma) viver em nós e, dentro de nós, a agir por nós. Como dizia Paulo, o santo padroeiro de Agostinho e dos reformadores protestantes, “assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo é quem vive em mim” (Bíblia, Gálatas 2:20, NTLH). É só pelo mérito de Jesus Cristo que a gente pode ter esperança de um dia aterrizar no céu – nunca por nossas próprias ações, e, portanto, pelo nosso próprio mérito.
B. A Predestinação do Homem para a Salvação e a Perdição Eterna
O segundo tema que eu quero discutir é a chamada doutrina da dupla predestinação – que, de certo modo, me parece ser a consequência lógica da doutrina do pecado original cum corrupção total da natureza humana que acabamos de ver.
Se, após a queda de Adão e Eva, o ser humano (i.e., nós todos) ficou incapaz de não pecar, de fazer o que é bom e certo, nós não podemos nos redimir ou salvar: estamos fatalmente condenados, caso haja alguma forma de vida depois da morte (o que nenhum dos teólogos mencionados duvidava), ao sofrimento eterno. (Essa é a malfadada doutrina das “penas eternas” que tanto sofrimento já causou antes mesmo da eternidade). Mas, segundo Agostinho e os reformadores protestantes, nem tudo são más notícias. Em meio a tantas más, há uma boa nova. Deus decidiu – lá atrás, antes mesmo da criação do mundo, e, portanto, antes de os primeiros pais pecarem pela primeira vez – escolher alguns seres humanos para que fossem poupados do sofrimento eterno. Esses são aqueles que as igrejas reformadas chamam de “os eleitos”. Escolheu-os, não porque, sendo onisciente, ele (Deus) soubesse que eles seriam melhores do que o resto. Escolheu-os, sem que eles tivessem qualquer mérito, por ínfimo que fosse. Escolheu-os, embora eles merecessem, como os demais, sofrer as “penas eternas”. Escolheu-os, em sua soberania, porque assim o quis.
Os demais, ele simplesmente não os escolheu. Isso parece sugerir que, em se tratando de Deus, o fato de não ter escolhido os demais para serem salvos implica que os tenha escolhido para, eternamente sofrer no inferno (que será “uma fornalha de fogo” em que os que lá aterrizarem “vão chorar e ranger os dentes de desespero” – o subtema do choro e ranger de dentes em desespero parece ser muito caro a Mateus, a julgar pela frequência que ele o menciona no Novo Testamento: Mateus 8:12, 13:50, 22:13, 24:51, 25:30). Alguns reformados “machos”, mesmo, admitem que Deus escolheu uns para a salvação eterna e outros para a perdição eterna. Outros preferem abrandar um pouco, afirmando que Deus escolheu apenas alguns para a salvação eterna – os demais, ele não escolheu para a perdição eterna, apenas deixou-os sofrer as consequências de sua própria escolha…
Mas aqui surge um problema: como fazer em escolha deles, se eles não escolheram pecar, pecando simplesmente porque não podiam não pecar? Como diziam Agostinho e os reformadores protestantes, eles eram incapazes (non potest) de não pecar (non peccare). Logo eles não tinham a escolha de não pecar. Como puni-los, ou deixar que sofram as consequências de uma escolha que eles não tiveram e, portanto, não fizeram? É aqui que a teologia reformada clássica enfrenta o que talvez seja seu maior problema.
Não vou resolver esse problema porque não sei como. Vou simplesmente voltar à aula que estava dando no dia 4 de Março.
C. É possível Aplicar Essas Doutrinas Hoje?
Não sabemos quem, na visão da teologia agostiniana e reformada, é eleito e quem não é eleito. A pergunta que coloquei aos meus alunos foi se seria justo, da nossa parte, criticar tanto o Lulla, a Dillma, e a petralhada, diante da possibilidades de que eles (a) simplesmente tivessem adquirido, em decorrência de uma ação, não deles, mas de Adão e Eva, lá nos primórdios do tempo, uma natureza humana defeituosa, total e absolutamente depravada e corrompida, e que eles (b) novamente não por decisão deles, mas, agora, de Deus, não estivessem entre aqueles que Deus escolheu redimir e elegeu para a salvação eterna, e que eles, portanto, (c) não pudessem fazer outra coisa que não pecar, isto é, mentir, enganar, roubar, ativamente corromper os outros, assassinar até os colegas de partido, sustentar amantes e filhos espúrios com o dinheiro dos outros, vindo, ao final, merecidamente sofrer as penas eternas, em uma fornalha de fogo, em que só lhes restaria chorar e ranger seus dentes, no maior desespero…
Garanto que a discussão foi boa – e ficou mais acalorada porque havia vários não presbiterianos na classe e porque muitos presbiterianos relutavam em aceitar essas doutrinas clássicas da tradição reformada…
3. Thomas Sowell e Duas Visões da Natureza Humana
Lá atrás disse que o versículo de Jeremias 13:23, publicado no Facebook pela minha prima Alison, me fez lembrar de duas coisas. A primeira eu acabei de descrever. A segunda eu passo a descrever agora.
A tese do versículo é que é tão impossível que aqueles que “só sabem fazer o mal” consigam “aprender a fazer o bem” como o é para um homem mudar a cor de sua pele ou para um animal que tem manchas no corpo deixar de tê-las.
Comprei, na semana passada, um livrinho, escrito por Francisco Amed, chamado Thomas Sowell: Da Obrigação Moral de ser Cético (Editora É Realizações – nome esquisito para uma editora, eu sei), de São Paulo, que é parte da “Biblioteca Crítica Social” da editora, coordenada pelo grande Luiz Felipe Pondé, meu colega, professor de Filosofia da PUC-SP.
Thomas Sowell é simplesmente, na minha modesta opinião, o maior intelectual “etíope” americano (aproveito o termo usado na tradução da Bíblia que a Alison usou). Tenho quase tudo que ele escreveu. E ele chegou a essa posição tendo nascido de pais paupérrimos, com os quais quase não conviveu: o pai morreu antes de ele nascer e a mãe quando ele tinha cinco anos – mas não fez muita diferença porque ele havia sido dado para uma parente, que o criou por um tempo, e, depois, o “disponibilizou” para adoção – tendo ele sido adotado por pais brancos, mas também muito pobres, que, contudo, moravam em New York, e não no Sul dos Estados Unidos, onde ele havia nascido e vivido até essa adoção. Alfabetizou-se a bem dizer sozinho, aos quatro aos, brincando com a irmã de criação. Tomou gosto pela leitura e pelo estudo e, na escola, se tornou o melhor aluno. Aos 15 anos, porém, deixou a escola por não aguentar mais ouvir a mãe dizer que ele precisava trabalhar e não apenas estudar, porque, como estudante apenas, era um peso morto na família, só consumindo recursos e não trazendo nenhum recurso para casa. Ele resolveu trabalhar em tempo integral, aos 18 anos foi ser “marine” na Marinha dos EUA, depois de alguns anos nas Forças Armadas, pediu baixa, arrumou um emprego simples e voltou a estudar. Logo ficou evidente que era um gênio, foi estudar em Harvard, depois em Columbia, depois em Chicago, obteve graduação (magna cum laude em Harvard), mestrado (em Columbia) e doutorado (em Chicago), trabalhou em várias das mais ilustres universidades americanas (Cornell, Amherst, Brandeis, UCLA), ganhou vários doutorados honorários, escreveu inúmeros livros e hoje trabalha no prestigiado e prestigioso “think tank”, o Hoover Institution, da Stanford University, onde, foi Fellow, de 1977 a 1980, e é, desde 1980, Senior Fellow e detentor de uma fellowship que tem o nome de Milton Friedman, seu professor e orientador de doutorado em Chicago – e mentor, depois. Tudo isso sendo negro e pobre e dependendo apenas de seu esforço e de seu trabalho, sem se beneficiar de cotas e outros bichos, sem se considerar vítima, sem achar que merecia uma “reparação” da sociedade americana por ter esta escravizado seus ancestrais, etc. E é um dos poucos intelectuais negros, nos EUA, que pode ser descrito como liberal clássico e conservador. É considerado um public intellectual, isto é, um intelectual que não é mero acadêmico a escrever livros e artigos para outros acadêmicos, mas alguém que escreve para o público em geral, de forma que o público possa entender, acerca dos grandes e candentes temas que afligem a sociedade (no caso, americana).
Mas não vou falar tanto da enorme contribuição de Sowell à economia, às ciências sociais, à história, à psicologia, à filosofia, e às humanidades em geral. Vou apenas levantar um tema que Pondé destaca no Prefácio do livro escrito sobre ele no Brasil, pinçando referências ao tema ao longo do livro.
O tema, que é abordado principalmente no livro Um Conflito de Visões, de Sowell, mas que eu vou descrever aqui com minhas palavras (tentando fazer uma ponte com o que disse de início, falando de minha aula de 4 de Março), é o seguinte.
Na História Intelectual do Ocidente surgiram basicamente duas visões acerca da natureza do ser humano que, em especial nos últimos séculos, têm entrado em combate constante, tanto no refinamento de suas ideias, em busca da verdade, como na obtenção de adeptos e até mesmo na tentativa de conquistar o poder – cultural e político.
A. A Visão Pessimista da Natureza Humana
Uma dessas visões pode ser chamada de pessimista. Ela tem vínculos com a visão cristã clássica do homem, mas não se restringe ao Cristianismo. Dentro do Cristianismo, ela é marcada pela doutrina do pecado original, embora não dependa totalmente dele.
Seu pessimismo decorre do fato de que ela vê a natureza humana como essencialmente limitada, falha mesmo, incapaz de alcançar a perfeição que, entretanto, em alguma de suas modalidades, o ser humano sempre tenta alcançar. Nesta visão, ele não irá alcança-la nunca, por mais que tente, pois suas limitações se expressam tanto na sua capacidade intelectual como em sua dimensão moral.
Seu conhecimento e suas habilidades cognitivas são limitados. Suas habilidades não cognitivas também são limitadas (sua motivação, coragem, paciência, persistência, dedicação, resiliência, etc.). Sua capacidade de discernir o que é bom e o que é certo é restrita. Em seus sentimentos, ele é profundamente egoísta, pouquíssimo solidário (além do círculo restrito da família e das amizades mais chegadas), incapaz de trabalhar de forma consistente e sustentável em benefício do bem comum. Do ponto de vista de suas emoções ele é vitimado por conflitos internos intermináveis e insolúveis, que o levam a abraçar cursos de ação equivocados e que causam enorme sofrimento aos outros, etc. As guerras, muitas vezes bem intencionadas, e os genocídios contra populações impotentes, são apenas a parte mais visível dessas características.
Essa visão não implica na crença na miséria infernal e eterna do homem, mas certamente implica na crença da impossibilidade da construção de um paraíso aqui na terra. Em última instância esta é uma visão trágica da humanidade, que encontra, talvez, sua expressão maior na grande literatura. Foi Tolstói que uma vez disse que a grande literatura nunca existiria se todo mundo fosse feliz – porque a felicidade de uns, quando a alcançam, é muito parecida com a felicidade dos outros, e não há muito sentido em descreve-la e dramatiza-la. A infelicidade, porém, é variada: cada um aparentemente encontra sua própria forma de ser infeliz, sua própria receita, sua própria fórmula, e é por isso que a literatura (e seus filhotes, o teatro, o cinema, a telenovela) continuam a nos fascinar. O ser humano sempre encontra um jeito novo de arruinar sua vida. [Na verdade, Tolstói não disse tudo isso. Disse apenas, na primeira frase de Anna Karenina, que “todas as famílias felizes se parecem umas com as outras, mas cada família infeliz é infeliz do seu próprio jeito”.]
Adam Smith, filósofo e economista do século 18, é o grande secularizador dessa visão, removendo-a de suas raízes cristãs. Ele não nega essas características da natureza humana nem propõe que devemos tentar altera-las, criando, de certo modo, um “homem novo”. Ele propõe, isto sim, que criemos sistemas que, a partir dessas características, para ele inalteráveis da natureza humana, possam gerar incentivos e dissuasores que levem os seres humanos a criar o tipo de sociedade em que as pessoas sejam levadas a conviver pacificamente e a colaborar na promoção dos interesses de todos.
B. A Visão Otimista da Natureza Humana
A outra visão pode ser chamada de otimista. Os que adotam a primeira visão consideram esta segunda, utópica. Os que adotam esta segunda visão, por sua vez, têm vínculos com a visão racionalista do Iluminismo, creem que o homem, sendo racional, é capaz de encontrar soluções para todos os seus problemas. O surgimento da ciência moderna, e suas inegáveis conquistas, fortaleceu essa crença, ensejando o aparecimento da crença no progresso – e a crença de que esse progresso era interminável.
Imaginava-se, no limiar do século 19, que o mundo estava prestes a se tornar um paraíso. Teólogos cristãos que adotaram essa visão – os chamados teólogos liberais – passaram a acreditar que o céu seria esta nossa Terra transformada, e que a implantação do Reino de Deus na Terra estava próxima. Os problemas humanos e sociais seriam resolvidos pela educação e pela política, esta controlada por seres humanos iluminados que seriam capazes de eliminar as injustiças sociais, de alcançar capacidade plena de produção, de inventar fórmulas distributivas que reduziriam as desigualdades existentes e levariam ao enriquecimento de todos. Em outras áreas, técnicas de terapia seriam inventadas que eliminariam a violência, a maldade e até mesmo o egoísmo, e todos ficariam felizes por viver numa sociedade para a qual cada um contribuiria segundo a sua capacidade e da qual cada um retiraria o que fosse preciso para atender as suas necessidades.
Não vem de Marx, mas de Edward Bellamy em seu livro Looking Backwards 2000-1887, escrito em 1889) a mais detalhada crença nessa visão. Sua mais bem elaborada justificativa teórica é o livro Enquiry Concerning Political Justice, de William Godwin, escrito no final do século 18.
Dentro dessa abordagem, Lulla e a Petralhada talvez sejam apenas um subgrupo que deu errado dentro do grupo maior dos Idealistas que a acreditam que “Um Mundo Diferente, E MELHOR, é Possível!”…
4. Conclusão
O que concluir?
O PT é o mal encarnado, sob o comando do Cão Raivoso em pessoa, incorporado no Lulla? Se a visão otimista do mundo está certa, o que foi que deu errado com Lulla e o PT? Suponho que algo tenha dado errado porque acho impossível que alguém possa em sã consciência acreditar que o que estamos vendo aqui no Brasil durante esses últimos 13 anos seja o que realmente se buscava, o mundo diferente, E MELHOR, que se procurava construir…
Se a visão pessimista da natureza humana é tudo o que temos, como é que conseguimos evitar uma guerra de todos contra todos sem cair no PT (que, convenhamos, longe de evitar uma guerra de todos contra todos a promoveu e acirrou)? Ou será que o Liberalismo Clássico está certo e que devemos procurar criar uma sociedade construída, não nas virtudes sociais de cada um (que não existem), mas, sim, em vícios, em seu egoísmo… Será que é crível a tese de que a melhor sociedade é aquela que dá máximas oportunidades para o egoísmo prosperar? Essa é, de certo modo, a tese de Adam Smith em sua famosa passagem, em que afirma que não é da bondade (ou seja, do altruísmo) do padeiro, do açougueiro, do produtor de vinho que eu obtenho meu pão, minha carne e meu vinho, mas, sim, de seu egoísmo, pois esse egoísmo, iluminado ainda que por apenas um pouco de racionalidade, o leva a concluir que é somente me servindo bem, atendendo bem minhas necessidades, que ele irá prosperar?
Para discussão.
Resolvi encontrar algo para escrever para me distrair e fugir do meu estado borocoxô, como disse hoje cedo no Facebook. Então (3h atrás) escrevi:
“Fui dormir, ontem, e acordei, hoje, meio borocoxô.
Para quem não sabe, ‘borocoxô’ quer dizer, segundo o Dicionário Informal disponível na Web, o seguinte:
Borocoxô (adj)
1) Triste, cansado, acabado, deprê, desanimado, cabisbaixo, mole, adoentado, definhando.
2) Fraquinho, simples, sem graça, paia, péba.
Sei que eu melhoraria muito e rápido se caísse um raio fulminante na cabeça do Lulla e da Dillma num dos abraços deles. Ou, pelo menos, se os dois fossem presos. Ou, pelo menos o Lulla, o Cão Raivoso. Da Dillma tenho mais dó do que raiva.
Quem sabe melhoro se conseguir escrever alguma coisa… Mesmo que não seja sobre o que parece me afligir.”
Em Salto, 16 de Março de 2016 (12h35) – revisado e ampliado em 17 de Março de 2016.
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