A divisão entre filosofia e ciência, bem como a divisão da filosofia em áreas especializadas, ou da ciência em várias ciências específicas (ou do conhecimento em várias disciplinas), não reflete, necessariamente, distinções existentes na realidade.
Os problemas que confrontamos não se encaixam naturalmente como filosóficos ou científicos, ou, ainda que possam ser chamados de, digamos, científicos, não vêm rotulados como físicos, ou químicos, ou biológicos, ou humanos.
Nós os dividimos nessas várias categorias por conveniência.
Houve tempo (na época de Aristóteles, por exemplo) em que o filósofo tratava do que hoje chamamos de filosofia, ciência, etc. Mesmo no século XVIII a ciência ainda era chamada de filosofia natural – e o que chamamos hoje de filosofia era chamada de filosofia moral.
Logo, a maior parte dos problemas que nos confrontam são, para usar as categorias de hoje, transdisciplinares. É só aplicando a eles categorias artificiais que os “disciplinamos”. Não me parece necessário conhecer toda a filosofia ou toda a ciência, ou todas as disciplinas, para reconhecer um problema como trandisciplinar.
Em São Paulo, 20 de Maio de 2009