Transcrevo aqui um material que recebi por e-mail. Não conheço quem me enviou, mas o material é digno de toda a atenção.
O núcleo do material é um artigo de Rodrigo Constantino, que já é, e promete ser ainda mais (por ser ele muito jovem), um dos grandes e mais corajosos liberais brasileiros da atualidade. O material tem uma introdução também incisiva, que apresenta o Rodrigo. Não sei quem a escreveu, mas é “to the point”, como se diz em Inglês.
Os petistas, lullistas e dilmistas vão esbravejar. Os não tão babantes (há alguns poucos deles), e que me honram seguindo o meu blog e o meu FaceBook, vão me criticar por estar usando esse material para tentar derrotar a Dilma, o lullo-petismo, o PeTralhismo. Sua crítica não me demove desse objetivo.
O texto do Rodrigo, embora escrito no final do ano passado (2009), se dirige, com grande atualidade, àqueles (inclusive os que votaram na Marina no primeiro turno) que, reconhecendo que o PSDB tem problemas e que o Serra está longe de ser o candidato ideal, podem ser tentados a votar em branco ou simplesmente ir para a praia e não votar no dia 31/10. Afinal de contas, o domingo será parte do feriadão de Finados.
No programa eleitoral e em suas discussões em diversos outros foruns, os dilmistas, os lullo-petistas e os PeTralhistas em geral querem fazer parecer que, porque o PSDB teve problemas com o Azeredo em Minas e o governo Serra foi acusado de agasalhar um corrupto que fazia Caixa 2 no Dersa em São Paulo, não há diferença alguma entre os dois partidos e os dois candidatos no plano ético – está tudo nivelado. Isso é um absurdo. Não sou PSDbista e já critiquei muito o PSDB. Mas não se pode equipará-lo ao PT. Até o Hélio Bicudo, fundador do PT, e um de seus membros mais honrados, já percebeu isso e vai votar no Serra.
Os dilmistas, os lullo-petistas e os PeTralhistas em geral querem fazer parecer que, porque o Serra lutou contra o regime e foi obrigado a sair do país durante a Ditadura Militar, não há diferença entre ele e a Dilma, no que diz respeito ao seu envolvimento com a esquerda. Isso é um absurdo. Há, sim. O Serra lutou para derrubar a ditadura e implantar a democracia. A Dilma lutou para substituir a ditadura militar pela ditadura comunista. Os meios que usaram também foram diferentes. O Serra usou meios democráticos. A Dilma participou da luta armada, em grupos que não hesitavam em recorrer a roubos, sequestros e assassinatos.
Leia o material, em especial o artigo do Rodrigo Constantino. Reflita e passe-o adiante. A próxima semana será decisiva.
Possuo o domínio “fora.com.pt”. Comecei a usá-lo quando do aparecimento das primeiras denúncias acerca do mensalão petista (o primeiro). Vou colocar este post lá também, assim que tiver algum ferramental para formatá-lo e fazer upload dele.
Eis o material transcrito, inclusive com os links. Fiz pequenas alterações editoriais.
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“Aqueles que não se interessam por política serão governados pelos que se interessam.” (Arnold Toynbee)
“A Escolha de Sofia” é um livro (com base no qual se fez um belíssimo e pungente filme, com Meryl Streep) que descreve uma história (e esmiuça suas consequências no plano individual e social) que acontece no campo de concentração nazista de Auschwitz, vivida por uma mãe judia, forçada por um soldado alemão a escolher entre o filho e a filha – qual seria executado e qual seria poupado. Se ela se recusasse a escolher, os dois seriam mortos. Ela escolhe o menino, que é mais forte e tem mais chances de sobreviver, porém nunca mais tem notícias dele.
A questão é tão terrível que o título se converteu em sinônimo de “decisão quase impossível de ser tomada”.
O artigo a seguir foi escrito no final de 2009, pelo economista Rodrigo Constantino – autor de cinco livros em defesa da liberdade e do liberalismo.
Ele assina a coluna “Eu e Investimentos”, do jornal Valor Econômico, é colunista do jornal O Globo e é membro-fundador do Instituto Millenium (que recentemente apoiou a reedição de A Revolta de Atlas, de Ayn Rand [que eu resenhei para a Folha no dia 09/10/2010 – EC]). Foi o vencedor do prêmio Libertas em 2009, no XII Forum da Liberdade. Seu curriculum vai muito além do que está listado acima, é extenso e respeitável.
Segue seu artigo:
“Serra ou Dilma? A Escolha de Sofia.”
Rodrigo Constantino
“Tudo que é preciso para o triunfo do mal é que as pessoas de bem nada façam.” (Edmund Burke)
Agora, praticamente é oficial: José Serra e Dilma Rousseff são as duas opções viáveis nas próximas eleições. Em quem votar? Esse é um artigo que eu não gostaria de ter que escrever, mas me sinto na obrigação de fazê-lo.
Os antigos atenienses tinham razão ao dizerem que assumir qualquer lado é melhor do que não assumir nenhum?
Mas existem momentos tão delicados e extremos, onde o que resta das liberdades individuais está pendurado por um fio, que talvez essa postura idealista e de longo prazo não seja razoável.
Será que não valeria a pena ter fechado o nariz e eliminado o Partido dos Trabalhadores Nacional – Socialista, em 1933, na Alemanha, antes que Hitler pudesse chegar ao poder? Será que o fim de eliminar Hugo Chávez justificaria o meio deplorável de eleger um candidato horrível, mas menos louco e autoritário? São questões filosóficas complexas. Confesso ficar angustiado quando penso nisso.
Voltando à realidade brasileira, temos um verdadeiro monopólio da esquerda na política nacional. PT e PSDB cada vez mais se parecem. Mas também existem algumas diferenças importantes.
O PT tem mais ranço ideológico, mais sede pelo poder absoluto, mais disposição para adotar quaisquer meios, os mais abjetos, para tal meta.
O PSDB parece ter mais limites éticos quanto a isso.
O PT associou-se aos mais nefastos ditadores, defende abertamente grupos terroristas, carrega em seu âmago o DNA socialista.
O PSDB não chega a tanto.
Além disso, há um fator relevante de curto prazo: o governo Lula aparelhou a máquina estatal toda, desde os três poderes, passando pelo Itamaraty, STF, Polícia Federal, ONGs, estatais, agências reguladoras, tudo!
O projeto de poder do PT é aquele seguido por Chávez, na Venezuela; Evo Morales, na Bolívia; Rafael Correa, no Equador.
Enfim, todos os comparsas do Foro de São Paulo. Se o avanço rumo ao socialismo não foi maior no Brasil, isso se deve aos freios institucionais, mais sólidos aqui, e não ao desejo do próprio governo.
A simbiose entre Estado e governo na gestão Lula foi enorme. O estrago será duradouro. Mas quanto antes for abortado, melhor será: haverá menos sofrimento no processo de ajuste.
Justamente por isso acredito que os liberais devem olhar para este aspecto fundamental, e ignorar um pouco as semelhanças entre Serra e Dilma. Uma continuação da gestão petista através de Dilma, é um tiro certo rumo ao pior.
Dilma é tão autoritária ou mais que Serra, com o agravante de ter sido uma terrorista na juventude comunista, lutando não contra a ditadura, mas sim por outra ainda pior, aquela existente em Cuba ainda hoje. Ela nunca se arrependeu de seu passado vergonhoso; pelo contrário, sente orgulho. Seu grupo Colina planejou diversos assaltos.
Como anular o voto sabendo que esta senhora poderá ser nossa próxima presidente?!
Como virar a cara sabendo que isso pode significar passos mais acelerados em direção ao socialismo bolivariano?
Entendo que para os defensores da liberdade individual, escolher entre Dilma e Serra é como uma escolha de Sofia. Mas anular o voto [ou faltar è eleição no segundo turno], desta vez, pode significar o triunfo definitivo do mal. Em vez de soco na cara ou no estômago, podemos acabar com um tiro na nuca.
Dito isso, assumo que votarei em Serra. Meu voto é anti-PT acima de qualquer coisa. Meu voto é contra o Lula, contra o Chávez, que já declarou abertamente apoio à Dilma. Meu voto não é a favor de Serra.
No dia seguinte da eleição, já serei um crítico tão duro do governo Serra, como sou hoje do governo Lula. Mas, antes é preciso retirar a corja que está no poder. Antes é preciso desarmar a quadrilha que tomou conta de Brasília.
Só o desaparelhamento de petistas do Estado já seria um ganho para a liberdade, ainda que momentâneo.
Respeito meus colegas liberais, que discordam de mim e pretendem anular o voto. Mas espero ter sido convicente de que o momento pede um pacto temporário com a barbárie, como única chance de salvar o que resta da civilização – o que não é muito, mas é o que hoje devemos e podemos fazer!
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REPASSEM, SEM MODERAÇÃO!
Em Cape Town, 22 de Outubro de 2010
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