Um dia desses (17/8/2015) publiquei aqui o post “Elucubrações Perigosas” (https://liberal.space/2015/08/17/elucubracoes-perigosas/). Recebi uma resposta interessante. Quando a recebi (hoje) já havia postado no meu perfil no Facebook o artigo abaixo (o que fiz em 5/9/2015 ao meio-dia e vinte minutos). O post / artigo abaixo sugere, de certo modo, uma resposta a algumas das questões que levantei no artigo anterior. Por isso o publico aqui também.
Estou pensando em colocar meus posts teológicos em outro blog. Mas ainda não decidi.
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Uma das principais contribuições da Teologia Liberal do fim do século 19 e começo do século 20, iniciada por Friedrich Schleiermacher, foi uma verdadeira Revolução Copernicana — independentemente de se aceitar ou não a tese.
Segundo a Teologia Liberal, a religião, em geral, e o Judaísmo e o Cristianismo, em particular, não representam, na realidade, movimentos de Deus na direção do homem (revelação, redenção, etc.), mas, sim, movimentos na direção oposta, do homem em direção a Deus, daquele que é finito (em poder, em conhecimento, em bondade) em busca do infinito (em poder, em conhecimento, em bondade). A religião, entre outras palavras, não é a busca do homem por parte de Deus — mas a busca de Deus (ou de um deus) por parte do homem.
A religião, por conseguinte, não é uma erupção do sobrenatural na ordem natural, mas a tentativa da ordem natural de transcender a si própria e irromper naquilo que está acima dela, que lhe sobrejaz — que seria o sobrenatural. É a busca que faz o imanente de uma ordem transcendente que explique o que aqui acontece e lhe dê sentido.
É por isso que Rubem Alves (O que é Religião?) e outros definem a religião (sagrada ou secular) como uma busca de sentido para a vida.
Consequentemente, nessa visão, os chamados livros sagrados, entre os quais a Bíblia, não contêm a palavra de Deus, mas, sim, a palavra humana que relata essa busca do homem por Deus. Como palavra humana, nem sequer se cogita que possam ser inerrantes ou infalíveis.
Aí está o maior desafio que a Teologia Liberal colocou à Teologia Tradicional. Esse não estava no apontar erros ou incoerências particulares de fato ou de valor na Bíblia (embora isso fosse feito), mas, sim, no esforço de “dessupernaturalizá-la”, de “desdivinizá-la” – naturalizando-a e humanizando-a.
Como é que a Teologia Tradicional enfrenta um desafio desses?
Em São Paulo, 7 de Setembro de 2015
(Dia em que completo 72 anos de vida)
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ótima síntese.
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