Crianças ou Adultos: Quem Está Desaparecendo?

Em 1982 Neil Postman escreveu um livro chamado The Disapperance of Childhood. A tentação é traduzir o título do livro como O Deparecimento da Infância. Mas Postman faz uma distinção importante entre infancy e childhood, que é difícil preservar em Português. Se infancy (que ele considera uma categoria biológica) é traduzido por infância, como traduzir childhood (que ele considera uma categoria sócio- cultural)?

Para esclarecer o que Postman tem em mente, a infancy é uma fase (biológica) da nossa vida que vai, basicamente, do nascimento até (segundo ele) por volta dos sete anos. Todos passam por essa fase. Em outras palavras, não há ninguém que não tenha tido infância (no sentido de infancy). A infância, nesse sentido, sempre existiu e é universal. A childhood, por sua vez, é outra coisa. Para começo de história, é uma criação sócio-cultural: algo inventado pela sociedade. Nas sociedades em que se procurou cria-la e implanta-la, ela se tornou uma fase que viria depois da infância (infancy) e antes que a criança (não mais o “infante“) se tornasse adulto. (A adolescência e a juventude também seriam invenções sócio-culturais do mesmo tipo, mas Postman considera a childhood como uma fase, social e cultural, não biológica, que vai basicamente dos sete aos dezessete anos – depois disso a pessoa passa a ser adulto (um adulto jovem, talvez, mas um adulto: uma pessoa “de maior”).

Segundo o Postman, a infância, agora entendida como childhood, não infancy, foi uma invenção relativamente recente. Antigamente (digamos, na Idade Média), as crianças, ao sair da infância (infancy), por volta dos sete anos, entravam logo na idade adulta. Eram vestidas como pequenos adultos (algo que em muitos casos acontecia até antes), esperava-se delas que se comportassem como adultos. Boa parte delas não ia à escola, porque esta inexistia: a escolarização universal é um fenômeno recente, que muitos em muitos lugares, até mesmo aqui no nosso “país do futuro”, é algo que está no futuro. Uma parte menor das crianças tinha uma escolarização mínima (eram funcionalmente alfabetizadas e recebiam os rudimentos da aritmética necessários para a vida prática). Muitas crianças (children, não infants) começavam trabalhar muito cedo: primeiro em casa e no negócio da família (campo, indústria artesanal ou comércio), ou mesmo fora, nas fábricas que surgiram na era industrial, por exemplo. O início da civilização industrial viu crianças muito novas trabalhando (não raro em serviços pesados e insalubres) na indústria. Hoje isso parece um escândalo absoluto – ou, como pretendem os esquerdistas, algo que só pode ser produto de um sistema econômico imoral como o capitalismo. Mas não: isso acontecia porque a infância (no sentido de childhood, um interregno entre infancy e adulthood) ainda não havia sido inventada. Ponto final. Também não era incomum que as crianças se casassem e tivessem seus próprios filhos logo depois de alcançar a puberdade (em alguns casos, especialmente de meninas, até impúberes se casavam). Nossas avós (de gente que tem mais ou menos a minha idade) se casavam ao redor dos treze anos. Novamente, isto se dava porque, ao sair da infância (infancy), a criança passava quase direto para a idade adulta. O ser humano se adultizava cedo. Como Dom Fulgêncio, a maior parte das pessoas, por um bom tempo, não teve infância (childhood).

Mas, a partir de um dado momento, se inventou a infância (no sentido de childhood). O termo “inventar” é usado deliberada e conscientemente por Postman – mesmo que a sociedade em que a childhood tenha sido inventada não estivesse plenamente consciente do processo e pudesse até achar que fosse natural (biológico).

A invenção e a rápida popularização do livro impresso (algo que o mundo deve a Gutenberg) tiveram seu papel (com perdão do trocadilho) no processo, podendo a imprensa ser considerada uma das causas remotas da invenção da infância (childhood). Mais que o livro, talvez, a invenção e a popularização da escola obrigatória (algo que o mundo deve à Reforma Protestante) tornaram necessário “inventar” uma fase em que o recém desinfantizado se preparasse para a vida adulta. Inicialmente, talvez quatro anos fossem suficientes. Depois, a fase se estendeu para seis, oito, nove, doze anos – trazendo o ex-infante para o limiar da juventude. Para muitos, a fase da infância (infancy) passou a ser vista como sendo a idade até os seis anos, a infância (childhood) a fase que vai dos sete aos onze anos, a fase da adolescência a fase que vai dos doze aos dezessete anos. Daí vem a idade adulta jovem (que, segundo a Organização Mundial da Saúde, vai dos dezoito até a beira dos trinta).

Enfim: criou-se para o ex-infante e futuro adulto um interregno, o que os tecnocratas chamam de um buffer, durante o qual ele deveria se preparar para as demandas da vida adulta.

O interessante do livro de Postman não é que ele foca o aparecimento (por invenção) da infância (childhood), mas seu desaparecimento (sua desinvenção) – algo que, segundo ele, talvez tenha começado por volta dos anos sessenta nos países desenvolvidos. As crianças (children) começaram a ser de novo consideradas como adultos – não mais porque precisavam trabalhar ou deviam se casar, mas porque passaram a reivindicar (o mais das vezes simplesmente tomar, com a anuência passiva dos adultos) direitos que até ali haviam pertencido exclusivamente aos adultos: vestir-se do jeito que quisessem (não mais como os adultos se vestiam, mas como elas, as interregnas, queriam); falar nome feio (profanity, em Inglês), fumar, beber, usar drogas, transar (casar não, transar, sim), envolver-se em causas políticas e culturais, manifestar-se, demonstrar, protestar, cometer crimes, brigar com a polícia, etc. E muitas simplesmente abandonavam a escola antes do tempo previsto. Em suma: quando Postman escreveu o livro, parecia que a infância (childhood), inventada a tão duras penas, estava simplesmente sumindo do mapa.

Estou lendo agora um livro de Diana West chamado The Death of the Grown-up. Como traduzir: A Morte do Adulto? O original poderia ter usado adult, mas usou grown-up, crescido… Enfim. A sugestão de West é que não foram as crianças (children) que desapareceram, mas, sim, os adultos que se criancizaram. Encolheram os adultos.

Não vou aqui discutir as evidências apresentadas por West. A referência ao livro dela fica como appetizer.

Em São Paulo, 10 de Março de 2014

Os Meandros da Machadada (em parte)

Confesso que este artigo não vai ter interesse para muita gente. Na verdade, tem interesse apenas para os meus parentes do lado de minha mulher, e, mesmo assim, só para os do lado paterno dela.

Ele dá, de certo modo, continuidade ao artigo que escrevi sobre o que a Nadieliz Foizer de Barros Moraes chamou de “O Encontro da Machadada”, que teve lugar no domingo passado, dia 21/7/2013. O nome oficial da ocasião era “Encontro da Família Machado”. Pelos cálculos abalisados de alguns, chegamos perto de cem ali na casa da Nadieliz em Vargem Grande Paulista.

Como sou relativamente novo na família – 5 anos – e mais novo ainda como Machado de papel passado – um ano no último dia 3 – eu não conhecia muita gente. E não sabia, naquele dia, qual era o “elo” que unia toda aquela machadada.

Hoje já sei.

O Machado de quem todos ali descendiam (por linha de sangue ou por direito de família) era José de Oliveira Machado – avô do meu sogro (José de Oliveira Machado Neto, que deve o nome a ele) e bisavô da Paloma, minha mulher (e, consequentemente, meu).

Na minha árvore genealógica, construída e disponível no site http://www.myheritage.com.br/site-family-tree-126113611/familia-epprecht-machado-campos-chaves, o bisavô da Paloma (e, portanto, também meu, por direito de família) não tem data de nascimento – nem mesmo ano. Mas tem ano de falecimento: 1974 – um ano antes de a Paloma nascer.

José de Oliveira Machado foi casado com Albertina Mauri Machado. Ela tem ano de nascimento e morte: 1893-1982. Viveu quase 90 anos.

Eles tiveram, pelo que sei, dez filhos: Paulo, Ruth, Carlita, Jandira, Abelardo, Wanda, Daniel José, Esther, Silas, e Roberto.

Logo, o “ramo-1” da árvore se divide em dez “ramos-2”.

Dos dez filhos de José de Oliveira Machado, o que mais me interessa no momento é Abelardo Machado, pois ele é o avô da Paloma (e, portanto, meu, por direito de casamento).

Abelardo Machado teve, no total, oito filhos. Casou-se duas vezes, tendo um total de seis filhos naturais nos dois casamentos, e adotou (aparentemente de maneira informal, sem registro) dois filhos. Logo, nesse nível horizontal e nesse cantinho (1/10 do “ramo-2”) vertical, há oito “ramos-3”.

Do seu primeiro casamento, com Adair, Abelardo teve cinco filhos: Albernice, Josira, Abelair, José (de Oliveira Machado Neto), e Abelardo (Machado Júnior). Do seu segundo casamento, com Eunice Gallio, teve uma filha: Carla. E adotou dois filhos: João e Walter, durante o seu primeiro casamento. Dois oito, seis estão sabidamente vivos, um (João) morreu, e o outro (Walter) tem paradeiro e status ignorado.

Dois oito filhos de Abelardo Machado, o que mais me interessa no momento é José Oliveira Machado Neto, o “Machadinho”, pai da Paloma, e, portanto, meu sogro. Ele representa 1/8 do “ramo-3”.

O Machadinho é casado com Ana Maria e tem três filhos: Patrícia, Paloma e Rafael. Logo, nesse nível, que corresponde ao quarto nível horizontal, temos três “ramos-4”.

Dos três filhos do Machadinho, a Ana Patrícia foi casada com o Helder, com quem teve dois filhos: a Aline e o Everton; casou-se, depois, com o Fábio, com quem teve a Julia. A Paloma, que foi casada com o Marcos Paulo, teve com ele duas filhas, a Bianca e a Priscilla; a Paloma e eu não temos filhos nossos. O Rafael, casado com a Carolina, também não tem filhos.

Assim, a Aline, o Everton, a Julia, a Bianca e a Priscila são “ramo-5” da árvore genealógica no nosso cantinho vertical.

A Aline é casada com o Alexandre (Japa), com quem teve uma filha: a Milena – que é o único “ramo-6” deste nosso cantinho vertical.

Assim, temos, olhando do ponto de vista dos elos que ligam os seis “ramos”:

José – “ramo-1” –> pai do Abelardo, avô do Machadinho, bisavô da Ana Patrícia (e da Paloma e, por conseguinte, meu), trisavô da Aline e tetravô da Milena.

Abelardo – “ramo-2” –> pai do Machadinho, avô da Ana Patrícia (da Paloma e meu), bisavô da Aline e trisavô da Milena.

José “ramo-3” –> pai da Ana Patrícia (e da Paloma, e meu sogro), avô da Aline, bisavô da Milena.

Ana Patrícia “ramo-4” –> mãe da Aline, avó da Milena. Aqui também está a Paloma.

Aline “ramo-5” –> mãe da Milena. Aqui também estão a Júlia, a Bianca, a Priscilla e o Everton.

Milena  — “ramo-6”: filha da Aline, neta da Ana Patrícia, bisneta do Machadinho, trisneta do Abelardo, e tetraneta do José. Sozinha nesse nível horizontal.

Acho que é isso, por enquanto. Se alguém encontrar erros, por favor, me comuniquem como comentário.

Em São Paulo, 26 de Julho de 2013.

(Uma primeira versão deste artigo saiu com vários erros. Peço desculpas. Nada garante, porém, que esta versão esteja imune de erros)…

(Fui profético. Já achei — ou a Paloma achou para mim — vários outros erros. Estou corrigindo).

Encontro da Família Machado (o primeiro, pelo que consta)

Ontem tivemos, em Vargem Grande Paulista, um encontro da família Machado, da qual eu faço parte, com muita honra, até oficialmente, desde o dia em que adotei os sobrenomes “Epprecht e Machado” da Paloma… O encontro foi na casa da Nadieliz, num condomínio.

Foi um encontro fantástico: muita gente, muita comida, muita alegria, muito papo. Fiquei conhecendo um monte de gente que conhecia apenas pelo Facebook e vários outros, que nem pelo Facebook conhecia.

Infelizmente, do nosso cantinho restrito da família (os que ficamos no ramo do “Machadinho” [vide abaixo]), só fomos quatro – e somos, pelos meus cálculos, quinze.

Estes os que foram (e me coloco como o ponto de referência):

  • Paloma Epprecht e Machado de Campos Chaves (minha mulher, filha do “Machadinho” e da Ana Maria, mãe da Bianca e da Priscilla)
  • Eduardo Oscar Epprecht e Machado de Campos Chaves (eu próprio, marido da Paloma e, portanto, agregado à família Machado)
  • Aline Machado dos Santos (minha sobrinha, filha da Ana Patrícia, irmã da Paloma)
  • Milena Machado Kato (minha sobrinha neta, filha da Aline, neta da Ana Patrícia, bisneta da Ana Maria)

Total: 4

Estes, os que não foram:

  • José de Oliveira Machado Neto, o “Machadinho”, o “paterfamilias” (meu sogro, pai da Ana Patrícia, da Paloma e do Rafael)
  • Ana Maria Epprecht Machado (mulher do Machadinho, minha sogra, mãe da Ana Patrícia, da Paloma e do Rafael)
  • Ana Patrícia Epprecht e Machado (filha mais velha do Machadinho, minha cunhada, irmã da Paloma, mãe da Aline, do Everton e da Júlia)
  • Fábio Kohatsu Kofazu (meu cunhado, marido da Ana Patrícia, padrasto da Aline e do Everton e pai da Júlia)
  • Everton Machado dos Santos (meu sobrinho, filho da Ana Patrícia, irmã da Paloma)
  • Júlia Machado Kofazu (minha sobrinha, filha da Ana Patrícia, irmã da Paloma)
  • Alexandre Kato (meu sobrinho, marido da Aline, pai da Milena)
  • Bianca Epprecht Machado França (filha da Paloma, minha enteada)
  • Priscilla Epprecht Machado França (filha da Paloma, minha enteada)
  • Rafael Epprecht e Machado (filho caçula do Machadinho, meu cunhado, irmão da Paloma)
  • Carol Pardal Machado (minha cunhada, mulher do Rafael)

Considerando agora o nosso cantinho não tão restrito, ou seja, os demais que ficam no ramo de Abelardo Machado, pai do Machadinho, temos:

  • Das irmãs do Machadinho estavam presentes as três mais velhas: Albernice Machado dos Santos, a Josira Arruda Machado, e a Abelair Machado Afonso.
  • A Albernice levou os dois filhos, o Gideão Júnior e o Marcelo, e a neta Nathália. No caso do Gideão Júnior, com a Iolete, sua mulher, e a filha Marcela. No caso do Marcelo, com a Katia, sua mulher, e os filhos Lucas e Marcos (este último, enteado).
  • A Josira levou os três filhos, o Moisés Filho, o Helder e a Tatiana. No caso do Moisés Filho, com a Sandra, sua mulher, e os filhos Davi, Milena, Thaynara, Amanda e Luiz Felipe (faltou o Moisés Neto), e o neto, Isaque, de um ano de idade, filho da Thaynara e, portanto, bisneto da Josira, que brincou alegremente com seu tio, o Davi, de três anos, filho mais novo do Moisés e da Sandra. No caso do Helder, com a Roberta, sua namorada, e a filha Karla, com o namorado dela. No caso da Tatiana, ela foi sozinha.
  • A Abelair também foi sozinha.
  • Faltaram os dois filhos mais novos do Abelardo Machado: o Abelardo Machado Júnior e a Carla Regina G. Machado.

Total: 25

Total dos que compareceram do ramo que descende de Abelardo Machado: 29 (4+25). Poderíamos ter sido 40, se o Machadinho, a Ana Maria e seus outros nove descendentes que faltaram houvessem comparecido.

Mas havia inúmeras outras famílias. Minha estimative é de que tínhamos para cima de oitenta pessoas no encontro. Espero que alguém mais familiarizado com todos me ajude a contabilizar. 

A comida foi farta e deliciosa. Cada família nuclear levou dois pratos, mais bebidas (todas não alcoólicas). A Paloma fez duas travessas grandes de lasanha (que ela chama da “mamma”).

No final, comandados pelo Helder, houve cantoria de hinos e corinhos tradicionais. Ficou bonito e me deu saudade dos meus tempos de criança / adolescente / jovem em Santo André.

Em São Paulo, 22 de Julho de 2013

When I was sixty-nine, it was a very good year…

Frank Sinatra, talvez o meu cantor favorito, gravou uma vez uma canção com o título “It Was A Very Good Year” — “Foi Um Ano Muito Bom”.  A letra em Português está aqui, traduzida por mim; em seguida vem a letra original em Inglês. Os compositores são Bob Morrison e Jim Zerface.

Foi Um Ano Muito Bom

Quando eu tinha dezessete anos
O ano foi muito bom…
Foi um ano muito bom
Para as meninas do vilarejo.
Em noites de outono suave,
Nos escondíamos das luzes
Nos gramados do lugar,
Quando eu tinha dezessete anos…

Quando eu tinha vinte e um anos,
O ano foi muito bom…
Foi um ano muito bom
Para as moças da capital,
Que viviam em prédios altos
E tinham cabelo perfumado,
Que era logo desmanchado,
Quando eu tinha vinte e um anos…

Quando eu tinha trinta e cinco anos,
O ano foi muito bom…
Foi um ano muito bom
Para jovens nobres, de sangue azul,
Pra quem dinheiro corria solto…
Nós andávamos de limosine,
Conduzidos por motoristas,
Quando eu tinha trinta e cinco anos…

Mas agora os dias são curtos,
Pois cheguei ao outono da vida…
A vida agora é o vinho mais precioso,
Guardado em tonéis antigos.
Deles o vinho corre para taças de cristal,
Em que linda é a aparência,
Em que é doce o sabor.
Tem sido um ano muito bom.

Na verdade, foi uma bagunça de anos bons…

It Was A Very Good Year

When I was seventeen
It was a very good year
It was a very good year
For small town girls
And soft summer nights
We’d hide from the lights
On the village green
When I was seventeen

When I was twenty-one
It was a very good year
It was a very good year
For city girls
Who lived up the stair
With all that perfumed hair
And it came undone
When I was twenty-one

When I was thirty-five
It was a very good year
It was a very good year
For blue-blooded girls
Of independent means
We’d ride in limousines
Their chauffeurs would drive
When I was thirty-five

But now the days grow short
I’m in the autumn of the year
And now I think of my life
As vintage wine
From fine old kegs
From the brim to the dregs
And it poured sweet and clear
It was a very good year

It was a mess of good years

Por que escrevo isso? Porque 2012, o ano em que completei meu sexagésimo ano novo e entrei em minha sétima década, foi um ano muito bom — talvez o melhor que eu tenha tido… 
Não que os últimos anos não tenham sido bons… Mas 2012 foi o ano em que várias coisas se encaixaram e foram se acertando.

Em 13 de Setembro de 2008, dia em que a Paloma e eu completávamos uma semana inteira vivendo juntos, várias núvens negras existiam no horizonte… Imaginei, então, a seguinte cena, retirada da magnífica canção Valsinha, de Chico Buarque e Vinícius de Moraes:

E os dois deram-se os braços
como há muito tempo não se usava dar,
E, cheios de ternura e graça,
foram para a praça e começaram a se abraçar.

E ali dançaram tanta dança
que a vizinhança toda despertou,
E foi tanta felicidade
que toda cidade se iluminou,

E foram tantos beijos loucos,
tantos gritos roucos 
como não se ouvia mais,
Que o mundo compreendeu,
e o dia amanheceu em paz…


“

“E o mundo (finalmente) compreendeu, e o dia amanheceu em paz.”

Acho que 2012 foi o ano que amanheceu em paz. 

Mudamos para o Morumbi, para um apartamento novo, bem maior, com uma vista magnifica, como eu sempre quis. Nunca tive uma casa de que gostasse tanto… Agora no final do ano conseguimos (quase) terminar de mobilia-lo. Ainda faltam pequenas coisas, que podem ser compradas a qualquer momento.

As meninas, Bianca e Priscilla, depois de muito vai e vem, vieram estudar pertinho de casa, no Porto Seguro, onde a Paloma trabalha. Sem pagar um tostão. O plano de saúde da escola também lhes dá cobertura médica excelente.

A sentença de meu divórcio, prolatada e transitada em julgado no ano passado, foi finalmente averbada e a Paloma e eu pudemos nos casar, como sempre quisemos… Esperamos quase quatro anos. Casamo-nos no dia do aniversário da Paloma, 15 de Maio… Adotamos os sobrenomes um do outro. “Epprecht e Machado” e “de Campos Chaves”. Celebramos nosso casamento em nossa igreja no dia 3 de Julho, mesmo dia do ano em que se casaram meus pais (em 1942) e minha filha  mais velha, Andrea (em 1995).

Enfrentamos o desafio e tiramos RG, CPF e passaportes novos… Vamos viajar agora, dia 26, com sobrenomes idênticos em passaportes totalmente novos… É a primeira vez que isso acontece. Viajamos inúmeras vezes nos últimos quatro anos, mas com passaportes com sobrenomes diferentes, que não identificavam que éramos marido e mulher… 
Profissionalmente o ano foi muito bom, para a Paloma e para mim. 
Meu sexagésimo nono ano foi um ano muito bom…

Tem gente que diz que a gente não deve exibir, muito menos ostentar, a felicidade, porque isso atrai inveja e mau olhado… Não acredito em superstição e, por isso, não escondo quando estou feliz, mesmo sabendo que terremotos e tsunamis podem acontecer a qualquer hora… Deus queira que não.

Em Ubatuba, 24 de Dezembro de 2012.

Marcelinho

Estou escrevendo no dia 6 de Abril.

Em 2005, no dia de hoje (exatamente sete anos atrás, portanto), eu estava em Panama City, numa reunião de L’Alianza por la Educación, o segmento latinoamericano do programa global da Microsoft Partners in Learning.

Pelo então MSN (hoje Windows Live) Messenger eu acompanhava a evolução da gestação de minha filha mais nova, Patrícia, que estava para dar à luz o seu segundo filho. Quem me informava era a Fernanda, tia dela.

Nascimentos são (ou deveriam ser) coisas corriqueiras. Mas a preocupação, no meu caso, era maior do que o normal porque menos de dois anos antes ela havia perdido seu primogênito, Guilherme, que nasceu com problemas em 9 de Setembro de 2003 e morreu logo depois, no dia 15, dia em que completaria uma semana. No dia em que o Guilherme nasceu eu estava em Amsterdam, numa reunião do segmento europeu do mesmo programa da Microsoft…

Felizmente, a Fernanda me informou de que que o Marcelo havia nascido — e que estava bem. Logo depois recebi uma foto dele. Achei lindo. (Olhando à foto hoje, da perspectiva de quem viu o que ele se tornou, sou forçado a reconhecer que aquela foto, tirada pelo pai dele, logo depois do nascimento, está longe de ser a melhor foto do menino. Mas…

Lembro-me como se fosse hoje a emoção que senti ao saber que tudo havia ido da melhor forma possível.

Ao final da reunião saí à rua e comprei uma cópia do jornal Panamá América daquele dia. No dia seguinte, comprei a cópia do mesmo jornal do dia 7 e também uma cópia do The Miami Herald – International Edition. Fiz isso para que o Marcelinho um dia pudesse ficar sabendo o que estava acontecendo no mundo no dia em que ele nasceu. Estou com esses três exemplares dos jornais aqui comigo, no sítio, em Salto, agora… Encontrei-os, fuçando nas minhas coisas antigas — as minhas relíquias, como eu as chamo. Sou cheio delas. Os jornais estão amarelados, mais inteiros. Quando o Marcelinho crescer mais um pouco, e, talvez, souber apreciar o gesto, dou as cópias para ele.

Hoje, comemoro o sétimo aniversário dele mais uma vez longe dele.

Há dias, ele caiu na escola e quebrou dois dentinhos da frente. Felizmente, ainda de leite. Como o pai e a mãe são dentistas, creio que está em boas mãos, nesse aspecto.

Antigamente, o sétimo aniversário parecia indicar que uma fase da vida estava se completando: a infância, propriamente dita, em que a gente simplesmente brincava e curtia a vida, sem maiores obrigações. Depois dos sete, a gente tinha de ir para a escola e começava uma infância diferente, já cheia de obrigações chatas.

Hoje em dia, as crianças já vão para a escola muito mais cedo — até com dois anos. A infância, propriamente dita, vai se encurtando… Eles nem sentem falta dela, porque nunca a conheceram, como eu a conheci: tive a ventura de só ir para escola aos oito anos e meio…

Deixo esse registro aqui como minha homenagem a um menino lindo, inteligente, carinhoso, de boa índole, que é o único de meus netos que carrega meu sobrenome: Marcelo Chaves de Moraes Salles. Nome de gente importante, como diria meu pai, bisavô dele.

Marcelinho, um beijo do vô. Amo você, querido.

Em Salto, 6 de Abril de 2012.
(postado apenas em 8 de Abril por ter tido problemas com a Internet nos dias anteriores)

Uma família olhando múltiplas telas na mesma sala ao mesmo tempo…

Aqui em casa o que esse artigo descreve acontece com razoável frequência: quatro pessoas, cada um com (pelo menos) uma tela diferente, cada um fazendo o que lhe interessa… Em alguns momentos, em vez de falarem um com o outro, mandam um SMS, ou uma mensagem instantânea, um e-mail… Assim não interrompem sem necessidade o que o outro está fazendo.

Alguns podem achar isso uma coisa horrível. Eu não acho. É uma realização do princípio famoso da filosofia, “the one and the many”: uma sala, uma família, muitas pessoas, muitos interesses diferentes… É o triunfo da individualidade que, entretanto, preserva uma forma diluída do coletivo. É o fim da ditadura do “precisamos todos fazer a mesma coisa juntos”, que sabe ao coletivismo totalitarizante dos soviéticos.

Hoje se defende ardorosamente a educação personalizada, que respeita as diferenças individuais, que se alimenta dos interesses de cada um. Defende-se também a educação horizontal, entre pares, em que muitos se comunicam com muitos, em que não há professores nem alunos, mas todos aprendem, em que ninguém educa ninguém, mas ninguém se educa sozinho (Paulo Freire). No âmbito da família essa educação ubíquita, esse anytime, anywhere learning acontece no ambiente descrito no primeiro parágrafo.

O artigo que transcrevo de The New York Times, traduzido pela Folha, capta bem esse espírito. Ele foi publicado em:

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/newyorktimes/ny1605201113.htm

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CIÊNCIA & TECNOLOGIA

A família adquire hábito de se reunir diante de muitas telas

Por ALEX WILLIAMS

Dianne Vavra, executiva do setor de cosméticos em Nova York, levantou os olhos do iPad onde via as novidades da moda no site Refinery29.com e notou que seu marido, Michael Combs, estava absorto com uma partida de basquete que passava no seu laptop.

O filho deles, Tom, 8, havia mergulhado no jogo Mario Kart, do Wii, na TV. A filha, Eve, 10, brincava com aplicativo chamado Love Calculator, num iPod Touch. “A família estava na mesma sala, mas não estava junta”, lembrou Vavra. Uma família. Uma sala. Quatro telas. Quatro realidades.

“A transformação da sala de estar americana em central de comunicações e entretenimento com múltiplas telas” promete “alterar nossa esfera doméstica”, disse Lutz Koepnick, professor de mídia da Universidade Washington, em St. Louis. “Os indivíduos da família podem se descobrir alegremente conectados a mundos paralelos quase o tempo todo.”

De fato, o consultor ambiental Brad Kahn, de Seattle, disse que, muitas vezes, se comunica com sua esposa, Erin, por e-mail, mesmo quando eles estão sentados a poucos metros de distância, com seus laptops.

Evan Gotlib, contato publicitário em Manhattan, lembra-se de estar recentemente na cama com sua esposa, Lindsey Pollak, cada um com seu iPad. Ele jogava palavras-cruzadas à distância contra sua irmã, Val, e, a certa altura, disse: “A Val acaba de conseguir uma palavra de 46 pontos!”.

“Puxa”, disse a esposa, “ela acaba de fazer uma de 32 pontos contra mim”. Nesse momento, Gotlib percebeu que sua esposa estava envolvida no seu próprio jogo contra a irmã dele.

Ben Schippers, que dirige uma empresa de criação de software no Brooklyn, descobriu algo curioso quando sua mulher se mudou para Iowa para estudar veterinária, e o casal ficou em contato por Skype: ele acha suas noites semelhantes ao que eram quando ela estava em Nova York. Em qualquer situação, “é ela no LCD dela, eu no meu LCD”, afirmou.

Sherry Turkle, autora de “Alone Together: Why We Expect More From Technology and Less From Each Other” (“separados juntos: por que esperamos mais da tecnologia e menos uns dos outros”), argumenta em seu livro que ao se tornarem mais dependentes da tecnologia no estabelecimento de intimidade emocional, as pessoas se sentem inundadas e vazias. Mas essa não é a primeira vez que o aparecimento de mídia doméstica causa revolta -talvez, vendo agora, desnecessariamente.

“Se você recuar 200 anos, houve reclamações similares sobre dispositivos tecnológicos, mas, naquela época, eram os livros”, disse Koepnick. “A sala familiar cheia de pessoas diferentes lendo livros criou muita preocupação e ansiedade, principalmente em relação às mulheres, porque, de repente, elas estavam sozinhas, suas mentes estavam vagando para áreas que não eram mais controladas.” Da mesma forma, a TV, durante décadas, trouxe o espectro de famílias americanas se transformado em zumbis viciados em sitcoms.

Mas Barry Wellman, professor de sociologia na Universidade de Toronto e estudioso dos efeitos da tecnologia sobre as comunidades sociais, disse que há pesquisas indicando que as pessoas consideram que a tecnologia está reunindo as famílias. O comportamento dentro de um casulo cibernético pode ser surpreendentemente interativo. “Tem muito ‘Ei, olha isso!” ou ‘Vamos planejar nossa viagem a Las Vegas!'”, disse ele.

Para Gotlib, as novas opções tecnológicas e midiáticas permitem que ele e sua esposa “experimentem novos níveis de intimidade”. “Três ou quatro anos atrás, eu estaria no andar de baixo assistindo à TV, e ela estaria no andar de cima lendo. Eu garanto que nós passamos 80% a mais de tempo juntos por causa do iPad.”

Ao invés de ser um sinal de relacionamento disfuncional, tal comportamento pode ser interpretado como indício de sanidade, disse Ronald Levant, professor de psicologia da Universidade de Akron, em Ohio. “As pessoas que pensam a cada minuto que ‘estamos juntos, precisamos nos conectar’ vão enlouquecer umas às outras, porque todos nós precisamos de um tempo sozinhos, não importa quão compatível um casal seja”, afirmou.

Essa foi a conclusão à qual chegou Vavra, a executiva do setor de cosméticos. Ela aprendeu a apreciar o intercâmbio resultante das noites em que cada membro da família está olhando a sua própria tela.

Possivelmente, disse ela, tal situação traga mais proximidade do que as noites passadas em volta de algum jogo de tabuleiro, como era na época analógica.

“‘Tempo juntos’, no passado, às vezes era um esforço, um momento forçado, em que programávamos: ‘Ok, após jantar, toda noite às 19h, vamos ver isso ou jogar aquilo’, e a garotada dizia: ‘Mas, mãe, eu quero fazer tal coisa'”, lembrou Vavra. “Agora, não é nada forçado. Acontece organicamente. Cada um consegue fazer suas próprias coisas, em vez de: ‘Temos de jogar Detetive de novo?’.”

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Em São Paulo, 16 de Maio de 2011

“Afinal, quem faz o quê” em casa?

A Folha de S. Paulo de hoje aborda uma questão que toda pessoa casada já enfrentou: a divisão das tarefas domésticas. Antes, quando a mulher cuidava da casa e dos filhos e o homem trabalhava fora, a divisão das tarefas era tacitamente acordada. Hoje, quando os dois trabalham fora, ou os dois trabalham profissionalmente, mas dentro de casa (Home Office ou algo equivalente), a coisa fica complicada.

Vale a pena ler.

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http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq1504201004.htm

Folha de S. Paulo

GUERRA DOS SEXOS 2.0
Afinal, quem faz o quê?

As mulheres ainda reclamam da "dupla jornada", mas poucas sabem delegar aos homens tarefas domésticas e cuidados com os filhos

RACHEL BOTELHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os homens estão mais solidários e mais envolvidos com a criação dos filhos do que jamais estiveram.Mas, a julgar pelas queixas de boa parte das mulheres, isso não é o suficiente para resolver a velha questão da divisão de tarefas. Porquê?

Muitas mulheres, apegadas ao poder ancestral que detêm sobre o lar, tratamos parceiros como meros ajudantes, reforçando estereótipos de gênero e dificultando qualquer movimento em direção a uma distribuição mais igualitária de responsabilidades.

Homens inseguros no papel de pai, por exemplo, vão se encolher, em termos cooperativos, diante de uma mãezona perfeita, lembra o psiquiatra Luiz Cuschnir, do Centro de Estudos da Identidade do Homem e da Mulher. "Com frequência, as críticas e atitudes professorais da mãe inibem o desenvolvimento do pai. Ser criticado, além de ter recebido uma educação de que o ambiente doméstico não é o seu campo de atuação, faz com que o homem se sinta inábil, desengonçado e facilmente se constranja nesse papel."

Constrangido ou não, o homem fica cada vez mais com os filhos. Um estudo da Universidade da Califórnia mostra que esse tempo mais que dobrou nos últimos 15anos.

Outro dado que chama a atenção, nessa mesma pesquisa, é que ele passa pelo menos duas das horas extras em família ao lado da mulher, sinal de que o casal tem dividido mais as responsabilidades relacionadas à casa e ao trabalho, de modo a ficar fisicamente mais próximo, dizem os pesquisadores.

Mulher e trabalho

Por outro lado, quando o marido trabalha demais, ainda é comum a mulher abrir mão da própria carreira para segurar as pontas em casa. Se é ela que trabalha demais fora de casa, o impacto na carreira dele é quase nenhum, como comprovou um outro estudo feito nos EUA.

A casa e os filhos ainda são vistos como problemas de mulher, no imaginário deles e delas, segundo a análise de Rosa Macedo, coordenadora do Núcleo de Família e Comunidade da PUC-SP: "Tem homens mais cooperativos que dizem que ajudam, mas isso significa que não é responsabilidade deles.

Elas querem que eles assumam que a responsabilidade é igual", afirma. Para a psicóloga, essa visão de que o homem está fazendo um favor para a mulher precisa mudar.

Em países desenvolvidos, a divisão dos cuidados com as crianças e das tarefas domésticas é mais igualitária. Até porque, no hemisfério Norte, empregada doméstica é um luxo.

"O homem participa e tem que participar muito. Eles fazem as compras sozinhos, cozinham", diz a antropóloga Mirian Goldenberg, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

"Aqui, onde a mulher manda em outra mulher que manda também, é difícil para o homem assumir responsabilidades."

Novo modelo

Independentemente da presença de uma auxiliar oficial, a rotina familiar costuma demandar um esforço extra para não sair dos trilhos. Uma alternativa para dividir as coisas sem que ninguém fique sobrecarregado nem de cara amarrada é considerar as aptidões e preferências individuais.

"A solução é entrar em uma negociação em que os dois sejam encarregados de fazer a divisão.

Se os dois trabalham, se respeitam, são dois indivíduos que querem ter uma relação legal, isso é possível", acredita Goldenberg.

Outro componente importante é a flexibilidade. "As tarefas precisam ser divididas de acordo com a disponibilidade do momento. Se tem reunião das crianças na escola e ela não pode ir, o marido dá um jeito.

Não é assim:o filho está doente, a mulher larga tudo e leva ao médico. Precisa conversar e ver quem pode fazer", afirma Rosa Macedo, da PUC-SP.

Com um pouco de boa vontade, o trabalho doméstico pode ser até divertido. "É um momento de estar junto, conversando, isso pode ser prazeroso", diz a psicanalista Belinda Mandelbaum, coordenadora do Laboratório de Estudos da Família do Instituto de Psicologia da USP.

Para as jovens mães, não custa lembrar que a criação da nova geração de adultos está, em boa parte, em suas mãos. "Muitos homens são educados de uma forma que não têm noção de cuidado pessoal -não aprenderam nem a arrumar a cama. As mulheres reclamam, mas continuam mantendo certas diferenças na educação de filhos e filhas", diz Macedo.

Leia a seguir como três casais organizaram sua rotina.

[…]

Ser criticado faz com que o pai se sinta desengonçado nesse papel

LUIZ CUSCHNIR

[…]

Elas reclamam, mas continuam educando filhos e filhas com diferenças

ROSA MACEDO

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq1504201005.htm

ELA MANDA, ELE OBEDECE

"Ela pergunta se eu aprendi a lavar louça em Harvard"

Eu não tinha o costume, mas ela foi me ensinando e hoje eu participo bastante. Com as crianças, como ela cuida melhor, sou "sossegado". Não achava que podia dar banho neles, então assumi as coisas da casa. Pode não sair igual ao que ela faz, mas sai.

Às vezes, ela pergunta se eu aprendi a lavar louça em Harvard. Fiscaliza e me fala para refazer. Uma vez, me pediu para passar um pano em casa e, quando eu estava acabando, falou que tinha que passar três vezes! Nesse dia, eu falei não, uma estava bom. Mas levo numa boa. Sei que ela está cuidando bem das nossas coisas, não tem por que brigar.

A Viviane podia assumir um pouco mais de coisa, porque acho que faço muito, mas vou negociando. (Pausa) Se dividir no meio, fico no prejuízo, melhor deixar assim. Dou muito valor para o que ela faz. Eu acabo minha parte, sento para ver TV e ela continua. Ela não para.

Marcelo Carriço Garcia, 44, motorista

"A divisão é bem bacana, não preciso ficar cobrando"

Dividimos as tarefas sem pressão. O Marcelo não tem paciência para dar banho, trocar fraldas, então cuido dos pequenos enquanto ele põe roupa na máquina, lava a louça, tira o lixo. A organização diária é com ele.

Ele não tem hora para chegar, mas as tarefas são sempre as mesmas. Às vezes, ele me pede para lavar a louça e eu falo que já fiz a minha parte. Em outras, fico com dó porque o trabalho dele é muito cansativo e adianto alguma coisa. A divisão é bem bacana: ele sabe o que precisa fazer e eu não preciso ficar cobrando. Mas nem sempre foi assim. Eu ficava limpando a casa e ele ali, dizendo que tinha orgulho de mim. Até que vi como era idiota.

Gosto das minhas coisas certinhas. Ele sabe que a louça não pode acumular. Se não pego no pé, a louça vai para o armário toda engordurada.

Viviane Lolis, 31, analista em comércio exterior

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq1504201006.htm

ELE NA RUA, ELA EM CASA

"No fim de semana, cuido do cachorro"

Meu trabalho requer muita dedicação: não tenho horário, preciso jantar com clientes e viajo muito. Infelizmente, não posso estar tão presente em casa.

Por isso, é complicado para mim enxergar o tempo e o esforço que ela dedica, do que ela abre mão. Mas ela também não vê os meus compromissos. Como só eu trabalho, procuro desempenhar minha função da melhor forma possível para proporcionar coisas melhores para a nossa família.

Eu pergunto para amigos meus como funciona essa questão na casa deles _porque as discussões desgastam o relacionamento_ e fico tranquilo porque sei que não sou um ponto fora da curva.

No fim de semana, cuido do cachorro e, se ela me pede para fazer algo, eu ajudo. Muitas vezes, procuro descansar. Eventualmete, dou banho no Enzo, lavo uma louça. À noite, quando o Enzo chora, sou eu que vou socorrê-lo. Enquanto isso, a Melina amamenta a Júlia.

Max Ferrari, 33, farmacêutico

"Estou cansada e isso é motivo de discussões"

Parei de trabalhar para cuidar das crianças e, para o Max, isso foi suficiente para achar que sou totalmente responsável pela criação deles.

Quando só tínhamos o Enzo, ele até participava mais, mas atualmente sempre encontra coisas para fazer depois do trabalho e nunca vem para casa no pior horário, que é quando meu filho volta da escola e eu preciso dar banho, comida e colocá-lo para dormir. Se alguém me visitar nesse horário vai desistir de ter filhos! A última dele foi se inscrever em um grupo que responde pesquisas de mercado. Ajuda zero.

Estou supercansada e isso é motivo para discussões. Estou me desgastando muito e não estou fazendo as coisas como eu gosto. Quando falei que ia procurar uma empregada, esperava que ele tentasse me ajudar mais. Mas não. Para ele, o mais importante é que não falte nada de material. Ele está muito preso a essa questão ainda.

Melina Ferrari, 34, psicóloga

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq1504201007.htm

CADA UM FAZ O QUE QUER

"Se a divisão é justa? Estou tranquilo"

As coisas não são muito programadas, é bem espontâneo. Acho horrível fazer compras de supermercado, mas gosto de ter as contas sob meu controle, então eu faço. Uma vez fizemos juntos e não deu muito certo.

Tem coisa que prefiro nem me meter, como as relacionadas ao colégio. Não que eu me omita, mas ela tem mais perfil para isso do que eu.

Aqui não é "eu faço isso, você faz aquilo". Quando cansa para, o outro dá uma ajuda. Tem hora que cansa um pouco, mas faz parte da vida familiar.

Se a divisão é justa? Para mim está tranquilo, não sei se está pesado para ela.

Antonio Luiz Rocha Filho, 50, funcionário público

"Para ser do meu jeito, tem que ser feito por mim"

Nunca falamos sobre isso, as tarefas são divididas naturalmente. Como ele é mais preocupado com questões práticas, ficou responsável por levar as meninas ao médico e ao dentista e dar os medicamentos. Os estudos ficam sob minha responsabilidade. Vejo se tem dever e estudo junto para as provas.

Como o horário de trabalho do Antonio é flexível, ele leva e busca na escola, mas as reuniões de pais são sempre comigo.

Em relação aos cuidados com a casa, as coisas também se acomodaram. Quando estamos sem empregada, ele varre enquanto brinco com as meninas.

A maneira como o Antonio lava a louça não é lá essas coisas: ele gasta muita água, mas não me irrito, não. Penso o seguinte: para ser feito do meu jeito, tem que ser feito por mim.

Então ele faz do jeito dele e, enquanto isso, faço uma atividade que me dê mais prazer.

Acho que combina: onde meu limite acaba, o dele vai além.

Christiana Martins Ferreira, 43, analista de sistemas

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Em São Paulo, 15 de Abril de 2010

Por que caímos de quatro diante de nossos netos (Drauzio Varella)

Transcrevo aqui, por sua total relevância a este space, crônica de Dráuzio Varella na Folha de S. Paulo de hoje (30/1/2010), que pode ser conferido em

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq3001201022.htm 

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DRAUZIO VARELLA

Bem-vinda


Sejam quais forem as raízes biológicas, o fato é que caímos de quatro diante dos netos


MINHA NETA acabou de nascer. Não é a primeira, tive outra há cinco anos; uma menina de bons modos e olhar atento que encanta a família inteira.

Curiosa a experiência de ser avô, perceber que a espiral da vida dá uma volta completa; a primeira que independe de nossa participação.

Sim, porque até o nascimento de um neto os acontecimentos biológicos de alguma forma dependeram de ações praticadas por nós: nossos filhos só existem porque os concebemos, os fatos que constituíram a história de nossas vidas apenas ocorreram porque estávamos por perto; mesmo nossos pais só se transformaram em figuras carregadas de significado porque nos deram à luz. Os netos, em oposição, vêm ao mundo como consequência de decisões alheias, nasceriam igualmente se já nos tivéssemos ido.

A ideia de nos tornarmos seres biologicamente descartáveis é incômoda, porque nos confronta com a transitoriedade da existência humana: viemos do nada e ao pó retornaremos, como rezam os ensinamentos antigos.

Por outro lado, liberta do compromisso de transmitirmos às gerações futuras os genes que herdamos das que nos precederam, força da natureza que reduz a essência da vida na Terra (e em qualquer planeta no qual ela porventura exista ou venha a existir) ao eterno crescei, competi e multiplicai-vos, como ensinaram Alfred Wallace e Charles Darwin.

A sensação de que nos livramos dessa incumbência biológica, entretanto, não nos torna imunes ao ensejo de proteger os filhos de nossos filhos como se fossem extensões de nós mesmos. Somos impelidos a fazê-lo não por senso de responsabilidade familiar ou por normas de procedimento ditadas por imposições sociais, mas por ímpetos instintivos irresistíveis.

Os biólogos evolucionistas afirmam que a seleção natural privilegiou nas crianças uma estratégia de sobrevivência imbatível: a beleza. Fossem feias e repugnantes, não aguentaríamos o trabalho que nos dão, porque cavalos e bezerros ensaiam os primeiros passos ao ser expulsos do útero materno, enquanto filhotes de primatas como nós são dependentes de cuidados intensivos por anos a fio.

Dizem eles, também, que o amor dos avós conferiu maior chance de sobrevivência aos bebês que tiveram a sorte de contar com ele, razão pela qual esse sentimento teria persistido em nossa espécie. Pelo mesmo motivo, explicam as vantagens evolutivas conferidas pela menopausa, fase em que a mulher já infértil reúne experiência e disponibilidade para ajudar os filhos a cuidar da prole.

Sejam quais forem as raízes biológicas, o fato é que caímos de quatro diante dos netos. Por mais voluntariosos, mal-educados, egoístas, temperamentais e pouco criativos que os outros os julguem, para nós serão lindos, espertos, de boa índole e, sobretudo, inteligentes como nenhuma outra criança.

Anos atrás, surpreendi um amigo ao telefone perguntando para o neto como fazia o boizinho do sítio em que o menino de dois anos se encontrava. A cada "buuuu" que ouvia, meu amigo ria de perder o fôlego. Diante do riso exagerado, perguntei como reagiria quando a criança relinchasse. Você verá quando for avô, respondeu.

Tinha razão. Os netos surgem em nossas vidas quando estamos mais maduros, menos preocupados em nos afirmar, mais seletivos afetivamente, desinteressados de pessoas que não demonstram interesse por nós, libertos da ditadura que o sexo nos impõe na adolescência e cientes de que não dispomos mais de uma vida inteira para corrigir erros cometidos, ilusão causadora de tantos desencontros no passado.

A aceitação de que não temos diante de nós todo o tempo do mundo cria o desejo de nos concentrarmos no essencial, em busca do máximo de felicidade que pudermos obter no futuro imediato. A inquietude da inexperiência e os desmandos causados por ela dão lugar à busca da serenidade.

Fase inigualável da vida, quando abandonamos compromissos sociais para brincar feito crianças com os netos, sem nos acharmos ridículos. Ajoelhar para que montem em nossas costas, virar monstros, onças ou dinossauros em obediência ao que lhes dita a imaginação aventureira, preparar-lhes o jantar que não comerão, assistir aos desenhos animados da TV, ler histórias na cama quando estão entregues, beijar-lhes o rosto macio, sentir-lhes o cheiro do cabelo e a respiração profunda ao cair no sono.

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[Fim da transcrição]

Em Lisboa, 30 de Janeiro de 2010

Reunião em Campinas em 31/8/2009

Realizou-se ontem à noite em Campinas evento voltado para a discussão da Alienação Parental. A reunião foi patrocinada pela regional de Campinas do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM), com o apoio da Livraria Cultura e do Outback, e teve lugar no Auditório da Livraria Cultura, no Shopping Center Iguatemi, em Campinas, às 19h.

O ponto central do evento foi a exibição do documentário de longa metragem “A Morte Inventada: Alienação Parental”, roteirizado e dirigido pelo cineasta Alan Minas, e produzido por sua mulher, Daniela Vitorino. Já escrevi um breve post sobre o filme, mas não custa repetir o site do filme:

http://www.amorteinventada.com.br/

A duração do filme é de cerca de 1h20.

Depois da exibição do filme, houve um debate do qual participaram o próprio Alan Minas, Giselle Câmera Groeninga, psicanalista, Jamiel Miguel, advogado e Juiz de Direito aposentado, e César de Moraes, psiquiatra infantil. Cada um falou por cerca de 15 minutos.

Depois da intervenção dos debatedores, o público pode fazer perguntas. A sala estava superlotada – com gente sentada nas escadas e em puffs trazidos da área de lazer do terceiro andar da magnífica Livraria Cultura de Campinas. (Pedro Herz, obrigado. Pena que eu me mudei de Campinas logo depois de inaugurada a Livraria Cultura de lá. Mas adoro também a original, no Conjunto Nacional, na Av. Paulista, em São Paulo).

O evento foi organizado por Luís Eduardo Barros, que, no entanto, em sua modéstia, fez questão de não aparecer, cuidando apenas da organizar o evento (com muita competência) e de receber, atenciosamente, os que lá estiveram, despedindo-se deles ao final. Atenção personalizadíssima. Obrigado, Eduardo.

Vários eventos desse tipo têm se realizado no Brasil, em especial depois do lançamento do filme, com o objetivo de sensibilizar e informar advogados, promotores, e juizes acerca do problema, e de reunir profissionais de saúde mental, serviço social e educação interessados em ajudar as vítimas da Alienação Parental.

Procure-me, se estiver interessado em organizar um evento assim em sua cidade (eduardo@chaves.com.br) e eu colocarei você em contato com as pessoas que poderão fazê-lo.

Em São Paulo, 1º de Setembro de 2009

Síndrome de Alienação Parental

[O material abaixo, com o título acima, foi transcrito de um panfleto com o título “Síndrome de Alienação Parental”, retirado do site http://www.alienacaoparental.com.br/o-que-e. As passagens entre colchetes são acréscimos de minha mulher, Paloma Epprecht e Machado de Campos Chaves.]


Ajude a Parar Com Essa Violência Contra Nossos Filhos


1. O QUE É A ALIENAÇÃO PARENTAL?

Síndrome de Alienação Parental (SAP), também conhecida pela sigla em inglês PAS, é o termo proposto por Richard Gardner em 1985 para a situação em que a mãe ou o pai de uma criança a treina para romper os laços com o outro genitor, criando fortes sentimentos de ansiedade e temor em relação ao outro genitor.

Os casos mais freqüentes da Síndrome da Alienação Parental estão associados a situações em que a ruptura da vida conjugal gera, em um dos genitores, uma tendência vingativa muito grande. Quando este não consegue elaborar adequadamente o luto da separação, desencadeia um processo de destruição, vingança, desmoralização e descrédito do ex-cônjuge. Neste processo vingativo, o filho é utilizado como instrumento da agressividade direcionada ao parceiro.


2. O GENITOR ALIENANTE

Exclui o outro genitor da vida dos filhos

* Não comunica ao outro genitor fatos importantes relacionados à vida dos filhos (escola, médico, comemorações, etc.)

* Toma decisões importantes sobre a vida dos filhos, sem prévia consulta ao outro cônjuge (por exemplo: escolha ou mudança de escola, de pediatra, etc.)

* Transmite seu desagrado diante da manifestação de contentamento externada pela criança em estar com o outro genitor [ainda que de forma não explicita, gerando desconforto e ansiedade na criança, inibindo manifestações espontâneas de afetividade em relação ao genitor alienado]

Interfere nas visitas

* Controla excessivamente os horários de visita.

* Organiza diversas atividades para o dia de visitas, de modo a torná-las desinteressantes ou mesmo inibi-la.

* Não permite que a criança esteja com o genitor alienado em ocasiões outras que não aquelas previa e expressamente estipuladas.

Ataca a relação entre o filho e o outro genitor

* Recorda à criança, com insistência, motivos ou fatos ocorridos que levem ao estranhamento com o outro genitor.

* Obriga a criança a optar entre a mãe ou o pai, fazendo-a tomar partido no conflito.

* Transforma a criança em espiã da vida do ex-cônjuge.

* Quebra, esconde ou cuida mal dos presentes que o genitor alienado dá ao filho [ou compra presentes idênticos para tentar neutralizar o presente do outro genitor].

Denigre a imagem do outro genitor

* Faz comentários desairosos sobre presentes ou roupas compradas pelo outro genitor ou mesmo sobre o gênero do lazer que ele oferece ao filho [ou então acusa o outro genitor de dar aos filhos presentes muito caros para tentar comprar o afeto deles].

* Critica a competência profissional e a situação financeira do ex-cônjuge.

* Emite falsas acusações [ou faz insinuações] de abuso sexual, uso de drogas e álcool [ou outros desvios de comportamento graves que desabonem a conduta moral do outro genitor].


3. CRIANÇA ALIENADA

* Apresenta um sentimento constante de raiva e ódio [ou profundo desapontamento] contra o genitor alienado e sua família.

* Se recusa a dar atenção, visitar, ou se comunicar com o outro genitor.

* Guarda sentimentos e crenças negativas sobre o outro genitor, que são inconseqüentes, exageradas ou inverossímeis com a realidade.


4. CRIANÇAS VÍTIMAS DE SAP SÃO MAIS PROPENSAS A:

* Apresentar distúrbios psicológicos como depressão, ansiedade e pânico.

* Utilizar drogas e álcool como forma de aliviar a dor e a culpa da alienação.

* Cometer suicídio.

* Apresentar baixa auto-estima.

* Não conseguir uma relação estável quando adultas.

* Possuir problemas de gênero, em função da desqualificação do genitor atacado.


PAI E MÃE, OS FILHOS PRECISAM DE AMBOS!


80% dos filhos de pais divorciados já sofreram algum tipo de alienação parental.


COMO PARAR A SAP?


Busque e Divulgue Informação

* A Síndrome da Alienação Parental é um tema bastante discutido internacionalmente e, atualmente, no Brasil também é possível encontrar vários sites sobre o assunto, bem como alguns livros. Pesquise na Internet e livrarias pelo termo “alienação parental”.

Tenha Atitude

Como pai / mãe

* Busque compreender seu filho e proteja-o de discussões ou situações tensas com o outro genitor.

* Busque auxílio psicológico e, se necessário, jurídico para tratar o problema. Não espere que a situação de SAP desapareça sozinha.

No campo jurídico e psicológico

* É crescente o número de profissionais atuando para combater essa violência.

* A informação sobre SAP é muito importante para garantir às crianças e adolescentes o direito ao desenvolvimento saudável, ao convívio familiar e à participação de ambos os genitores em sua vida.

Como cidadão

* A Alienação Parental não é um problema somente dos genitores separados. É um problema social, que, silenciosamente, traz consequências nefastas para as gerações futuras.


LUTE CONTRA ESSA VIOLÊNCIA

O MUNDO NO COMBATE À SAP

Pais do mundo inteiro têm se organizado para lutarem em defesa de seus filhos, contra a Síndrome da Alienação Parental. Dados da organização Splintwo, estimam que mais de 20 milhões de crianças sofram esse tipo de violência.

Abaixo estão apenas alguns exemplos de sites no Brasil, Estados Unidos, Canadá, Chile, Argentina, México, Espanha, Suíça e Austrália.

APASE – Associação de Pais e Mães Separados
www.apase.org.br

Pais por Justiça
www.paisporjustica.com

Pai Legal
www.pailegal.net

SAP (Síndrome de Alienação Parental)
www.alienacaoparental.com.br

SOS Papai e Mamãe
www.sos-papai.org

Amor de Papá
www.amordepapa.org

Fact
www.fact.on.ca

Parental Alienation Awareness Organization
www.paawareness.org

SplitnTwo
www.splitntwo.com [Este link não está funcionando]

MCP
www.mcp-ge.org

As informações deste folder têm como base os trabalhos publicados por Richard Gardner, bem como dados disponíveis em bases de dados da Internet.

Transcrito em 1º de Setembro de 2009